Cartazes avisando que os vendedores falam português são cada vez mais comuns nos centros de compras dos Estados Unidos. O tráfego de brasileiros nos outlets e magazines no exterior cresceu tanto que o turista local é tratado como realeza no comércio. Percebendo essa tendência, as agências de turismo se preparam para atender especificamente às demandas da clientela: criaram pacotes em que passeios e atrações são praticamente ignorados em favor das liquidações e descontos.
De olho no aumento do poder de compra do consumidor brasileiro, a CVC já oferece dois destinos exclusivos para compras: Miami e Buenos Aires. Em Nova York, a empresa montou um pacote em que a visita ao outlet Woodbury, a uma hora e meia de ônibus de Manhattan, divide a lista de passeios com o Empire State Building e a Estátua da Liberdade. Agências ao redor do País oferecem o pacote para a Black Friday, durante o feriado de Ação de Graças, em novembro - tradicional período de descontos do varejo americano.
Todas as semanas, a CVC leva 15 passageiros por semana para Miami no pacote dedicado às compras, vendido a US$ 1.588. Segundo Valter Patriani, presidente da operadora de turismo, boa parte da demanda pelos descontos está disfarçada nas viagens de lazer. "Se fosse contabilizar mais corretamente, diria que pelo menos 200 pessoas viajam semanalmente tendo as compras como objetivo principal", afirma o executivo. A empresa levou 500 mil turistas brasileiros ao exterior em 2010, e prevê uma alta de 10% para este ano.
Com o real valorizado, aumentou a percepção da diferença entre os preços praticados no Brasil e no exterior. Além do fator cambial, outro elemento econômico ajuda a evidenciar a vantagem da compra de determinados produtos fora do País: a carga tributária. Os perfumes importados pagam tributos de 78% no mercado nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Outros itens prioritários na lista dos viajantes, como bebidas alcoólicas e relógios, têm carga tributária da ordem de 60%.