O Ministério do Turismo estima que o ano de 2010 vai bater o recorde tanto em desembarques nacionais, que devem chegar a 65 milhões, quanto nos internacionais, que deverão alcançar a marca de 7 milhões. A queda do dólar tem estimulado o turismo de brasileiros para o exterior, por isso é importante lembrar que os cuidados com a saúde devem fazer parte do planejamento da viagem.
De acordo com a médica Flávia Bravo, coordenadora do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi), os viajantes devem levar em conta o destino, clima, época do ano, meio de transporte, tipo de hospedagem e sua própria condição física na hora de tomar medidas preventivas de saúde. A visita a um profissional especialista em medicina do viajante ajuda a evitar casos de doença e mal-estar que podem estragar os dias de férias planejados durante um ano todo. É importante que o turista receba este atendimento individual, já que cada pessoa apresenta um perfil único de saúde, histórico vacinal e doenças diferentes.
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Vacinas Indicadas
Entre as principais vacinas prescritas para viajantes no Brasil estão: febre amarela e tifóide, hepatites A e B, cólera, diarréia e tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba). A orientação é que se planeje a consulta com antecedência, pois em alguns casos, o corpo só fica realmente imune após 15 dias da vacinação.
Para quem vai viajar para países do hemisfério norte, é importante lembrar que nesta época do ano é inverno, estação da gripe. Portanto, o viajante deve ser imunizado contra a gripe H1N1 e a gripe sazonal. É provável que estas vacinas sejam encontradas apenas em clínicas privadas.
A proteção conferida pela vacina atinge o seu máximo de 4 a 6 semanas após a aplicação. Depois de 6 meses, a proteção é reduzida à metade, e então os níveis de anticorpos vão diminuindo progressivamente até desaparecerem - em no máximo 1 ano. Assim, quem foi vacinado em março, por exemplo, poderá estar suscetível em dezembro.
Para o turista nacional, a dica é prevenir o sarampo pela vacina tríplice viral, já que casos da doença vêm sendo diagnosticados no Brasil nos últimos meses. É fundamental que toda a população brasileira esteja imunizada para que o nosso país mantenha o sarampo sob controle. Viajantes com destinos como: Argentina, Europa, África e Ásia também devem garantir a imunização.
Alimentação
Durante o verão, é necessário redobrar os cuidados com a alimentação. A regra número um é estar atento às condições básicas de higiene dos alimentos. Para isso, o viajante deve verificar se o estabelecimento possui o selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não comprar comidas feitas e armazenadas em barracas ou por ambulantes. Também é recomendável evitar alimentos muito perecíveis como aqueles que são crus, frutos do mar e maionese, o que previne a diarréia e até a contaminação por hepatite A. Crianças e idosos, principalmente, precisam se manter bem hidratados; as melhores opções são água (natural ou de coco) e suco de fruta.
Outra sugestão é que as pessoas façam refeições leves. Durante o trajeto, o motorista deve privilegiar saladas, carne ou sanduíche para evitar sonolência na direção. "É indicado também, em viagens longas, fazer paradas a cada três horas para evitar dores musculares e promover o bem-estar de condutores e passageiros", ressalta a médica.
Caminhadas em trilhas
Para os que fazem trilhas, é importante ficar atento às picadas de carrapato estrela, que pode transmitir febre maculosa - doença capaz de matar. "É recomendável o uso de roupas claras para visualizá-lo com mais facilidade, vestir calças compridas amarradas ou até por dentro das meias. É bom levar uma pinça para retirar algum carrapato que eventualmente venha a picar e aplicar, em seguida, anti-séptico no local", explica a médica e vice-presidente da Associação Brasileira de Imunizações (Sbim), Isabella Ballalai.
Repelentes
O uso de repelentes é fundamental para evitar doenças como a dengue e a febre amarela urbana, transmitidas pelo mosquito Aedes aegipty. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o repelente com concentração de 50% de Beet (dietiltoluamida), icadirida ou permetrina. "Quem optar por utilizar produtos disponíveis nas farmácias brasileiras - normalmente com concentração abaixo de 10% - deve reaplicar a cada 30 minutos, tempo em que o repelente vai evaporar e perder o efeito", Flávia Bravo.
É fundamental fazer a aplicação corretamente, uma vez que o simples odor do produto não repele os mosquitos e insetos. O ideal é passar uma camada em toda a superfície da pele, principalmente no começo da manhã e no final da tarde, quando os insetos costumam aparecer. Porém, nenhum repelente é eficaz para combater as espécies Haemagogus e Sabethes, vetores da febre amarela silvestre. Somente a vacina (disponível nas redes pública e privada de saúde) protege efetivamente contra essa doença endêmica no país.
Dez dicas saudáveis para as viagens de fim de ano
1. Faça Check-up
Antes de viajar veja como está sua saúde. Se toma algum remédio, tem alguma doença crônica (como hipertensão, diabetes, alergias e outras) ou está grávida, é imprescindível receber orientações médicas específicas. Laudos podem ser necessários, como em casos de viagens para o exterior em que pode ser preciso levar algum estoque de medicação. Nesses casos, é necessária a tradução do documento para o inglês.
2. Faça seguro e informe-se sobre a rede de saúde
Verifique a rede credenciada do seu plano ou faça um seguro, sempre observando o que é oferecido (inclusive transporte) e a situação de saúde do viajante. Informe-se em um serviço especializado em medicina do viajante sobre a estrutura oferecida (hospitais e emergências) em seu destino, se existe clínica do viajante no local e se seu seguro ou plano de saúde cobrem um eventual atendimento.
3. Saiba sobre a situação de saúde do destino e fuso horário
Informe-se com um médico do viajante sobre a situação do destino, se existem surtos ou doenças endêmicas. Só assim será possível definir medidas preventivas. Se você costuma ter problemas com o fuso horário (dor de cabeça, sonolência ou insônia, irritabilidade, falta de atenção, entre outros) converse com o médico sobre formas de ajudar na adaptação.
4. Leve uma "farmacinha"
Leve medicamentos básicos para primeiros socorros, como antitérmico, analgésicos, antiemético, antialérgicos, curativos e o que for recomendado pelo médico.
5. Coloque a vacinação em dia
Coloque em dia seu calendário de vacinação. Essa recomendação é válida para crianças, adolescentes e adultos. Vacinas como a de febre amarela pode ser necessária em viagens nacionais e internacionais. Outra importante vacina é a contra hepatite A, uma das infecções que mais acomete o viajante.
É importante ressaltar que todo adulto precisa estar com as vacinas contra sarampo, hepatite B e tétano em dia, e também se informar sobre outras vacinas não previstas que podem ser prescritas dependendo do destino (como a meningocócica, raiva, pneumocócica, difteria e poliomielite).
6. Tenha o Certificado Internacional de Vacinação
Esse documento comprova a vacinação contra febre amarela e/ou outras doenças (dependendo do destino), e só é emitido em postos específicos do Ministério da Saúde (normalmente em aeroportos). Alguns países podem exigir sua apresentação e isso é previsto no Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Após ser vacinado, procure com antecedência os locais de emissão do certificado de vacinação e profilaxia antes de embarcar para viagens para fora do Brasil. Para ter acesso a relação dessas vacinas, acesse http://www.anvisa.gov.br/paf/viajantes/certificado_internacional_vacinacao.htm.
7. Tome cuidado com a alimentação
Fique atento aos alimentos e líquidos: beba apenas bebidas industrializadas, evite ambulantes, alimentos crus, o uso de gelo, maionese e comidas cremosas. Verifique sempre as condições de higiene do estabelecimento onde vai comer. Se necessário, use pastilhas de cloro para a água.
Diarréia é a causa mais comum de doença em viajantes. Caso ocorra, inicie a administração de soro caseiro. Se persistir ou vier acompanhado de febre ou outro sintoma, procure um médico.
8. Proteja-se dos mosquitos e do sol
No verão, mosquitos costumam ser um problema, principalmente porque podem transmitir doenças como a dengue. Use repelentes e lembre-se: é preciso cobrir toda a área de pele exposta e reaplicar de acordo com orientações médicas. Não vá para o sol sem um protetor solar de no mínimo fator 15 e com proteção para UVA e UVV. Use sempre chapéu.
9. Adapte-se às altas altitudes
Se vai viajar para destinos a mais de 3 mil metros de altitude, procure subir no máximo 300 metros por dia e, quando acumular 900 metros, tire um dia de descanso antes de continuar. Converse com o médico de viajante sobre tratamentos profiláticos que podem ser necessários e, se apresentar sintomas como dor de cabeça, tonteira ou outros, desça e procure logo um medico local.
10. Alongue-se no trajeto
Em viagens longas em aviões ou ônibus, movimente-se e procure caminhar a cada 2h ou 3h para prevenir a trombose venosa.
Alguns mitos
• Em países desenvolvidos no hemisfério norte não existem riscos para doenças infecciosas. Não é verdade, veja alguns motivos:
- Sarampo é endêmico na Europa;
- O inverno europeu é época de surto de Influenza;
- Em regiões da Alemanha, Rússia e Áustria, existe um alto risco para doença transmitida por carrapato.
• Colocar limão em água e alimentos desinfeta os mesmos. Não é verdade. Água deve que ser filtrada, fervida ou tratada com cloro em pastilhas ou pó (existem produtos específicos para quantidades pequenas como jarra ou copo). Alimentos crus devem ser evitados e frutas e legumes lavados com água tratada e, se possível, com sabão.
• Complexo B é bom para proteger de mosquitos. Não é verdade. Não existem ainda estudos conclusivos.
• Cozinhar os alimentos mata todos os micróbios. Não é verdade. O vírus da hepatite A (e outros) resiste a temperaturas de 85ºC.
Serviço:
Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi) – Consultas com especialistas em medicina do viajante, vacinação e compra de produtos específicos para viagem como repelentes, por exemplo. Contatos: Rua Barata Ribeiro 370, 2º piso, loja 203, Copacabana, Rio de Janeiro. Telefone: (21) 2256-3843. Mais informações: www.cbmevi.com.br.
Associação Brasileira de Imunizações (Sbim) – É possível baixar no site www.sbim.org.br os calendários de vacinação, de acordo com a faixa etária. Há informações sobre as doses de vacinas e a disponibilidade na rede pública e particular.