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Rio de Janeiro

A magia centenária dos bondes de Santa Tereza

Redação Bonde
31 dez 1969 às 21:33
- Divulgação
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Com 112 anos de existência, o que não faltam são histórias que tiveram os Bondes de Santa Tereza como palco. Marcos Celestino, de 48 anos e que há 28 trabalha como motorneiro, viveu os áureos tempos do transporte em Santa Tereza. Com tanto tempo de casa, Marcos já nem se lembra mais de todas, mas elegeu uma como a mais importante: na década de 80, ele conheceu, enquanto guiava o bonde, uma menina que anos depois seria sua mulher.

"Ela morava em Santa Tereza e todo dia, no mesmo horário, estava no mesmo ponto. Rosangela ia até o Centro, onde estudava, e depois voltava para casa. Depois de um tempo, muitos olhares e viradas de pescoço, consegui puxar assunto e começamos a namorar. Hoje, temos 23 anos de casados e uma filha de 18, a Daniele", conta Marcos.

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O charme do Bonde
Ainda hoje, muitos moradores preferem usar os bondes a pegar ônibus ou outros veículos. Além do charme, o transporte passa de 20 em 20 minutos, chega mais rápido ao ponto final e é mais barato. O preço da passagem é subsidiado pelo governo do Estado e custa apenas R$ 0,60.

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"Além do valor em conta, você pega um bonde e em 15 minutos está no Centro. É muito mais rápido do que o ônibus", explica José Valadão Duarte, coordenador do sistema de Bondes de Santa Tereza.

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Ao todo, quatro bondes - um serve de reserva caso algum quebre - transportam por mês cerca de 55 mil pessoas. E ainda tem um modelo novo - que foi restaurado, mas mantém a mesma estrutura dos antigos - que está em fase de teste com monitoramento assistido por técnicos da empresa responsável pela restauração, a T´Transporte. Toda a frota de Bondes de Santa Tereza é tombada e não é permitido fazer nenhuma modificação na carroceria. Paulo Cesar de Souza, de 54 anos, 27 trabalhando como mecânico dos bondes, garante a segurança do transporte: "Esse é o melhor bonde que existe. Não deixa ninguém a pé!"


Porém, o que antes era apenas privilégio dos moradores do bairro se tornou ponto turístico. Atualmente, cariocas têm que dividir os assentos e lugares em pé com os inúmeros visitantes que vêm conhecer a cidade e se encantam com o transporte centenário.

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"Essa é a primeira vez que venho ao Rio. Cheguei há apenas uma semana, mas já vim no bonde duas vezes. Tem um clima diferente. Gostei mais daqui do que o Pão de Açúcar e Corcovado", assume o italiano Navan, impressionado ao saber a idade do veículo.


Solange Figueiredo, de 61 anos, é ex-moradora de Santa Tereza. Há 30 anos ela mora em Teresina, Piauí, e de férias no Rio não pensou duas vezes em levar o filho e a nora para conhecer o bairro e transporte que sente saudade.

"Na minha época não tinha ônibus, todo mundo só andava de bonde. Sinto muita saudade. E os bondes eram tão pontuais que todo mundo acertava o relógio com a chegada deles".


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