O Ministério da Saúde ampliou o uso de testes para diagnóstico do HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas) na rede pública.
A tecnologia, a partir de agora, passa a ser utilizada também em gestantes, durante o pré-natal. As áreas técnicas terão prazo máximo de 180 dias para efetivar a oferta na rede pública.
A incorporação do teste para gestantes foi recomendada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) no SUS (Sistema Único de Saúde). A proposta é reduzir a transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus durante a amamentação.
Leia mais:
Crianças enfrentam 5 vezes mais dias de calor extremo do que há 50 anos, diz Unicef
Cirurgia inédita feita em hospital de Londrina pode beneficiar mais pacientes
Educadora acha precipitado banir uso de celular em todas as escolas
Pesquisas relacionam smartphone a queda de aprendizado e aumento da depressão
A comissão considerou que o procedimento, feito por meio de exame de sangue, é eficaz e seguro e que a implementação no SUS utilizaria recursos já disponíveis, uma vez que os testes já são realizados fora do programa de triagem pré-natal.
Desde fevereiro, infecções por HTLV em gestantes, parturientes, puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical passaram a ser de notificação compulsória no Brasil. Isso significa que profissionais de saúde de serviços público e privado devem comunicar obrigatoriamente os casos ao ministério.
A pasta informou que a inclusão do HTLV na lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública permite estimar o número de pessoas com o vírus e a quantidade de insumos necessários, além de qualificar a rede de atenção para atendimento dessa população.
VÍRUS
O HTLV, da mesma família do HIV, foi descoberto na década de 1980. O vírus infecta principalmente as células do sistema imunológico e possui a capacidade de fazer com que percam sua função de defender o organismo.
A infecção está associada a doenças inflamatórias crônicas como leucemia, ATLL (linfoma de células T do adulto) e HAM (mielopatia associada ao HTLV). Outras manifestações como a dermatite infecciosa, uveíte, síndrome de sicca, ceratite intersticial, síndrome de Sjögren, tireoidite de Hashimoto, miosite e artrite, embora de menor gravidade, também são associadas ao vírus.
O tratamento é direcionado de acordo com a doença relacionada ao HTLV. O paciente deve ser acompanhado nos serviços de saúde e, quando necessário, receber seguimento em serviços especializados para diagnóstico e tratamento precoce de doenças associadas ao vírus.
NÚMEROS
A estimativa do governo federal é que mais de 800 mil pessoas estejam infectadas pelo HTLV no Brasil. O vírus pode ser transmitido durante relações sexuais sem o uso de preservativo e pelo compartilhamento de seringas e agulhas.
O HTLV também pode ser transmitido verticalmente, de mãe para filho, sobretudo via amamentação e, de forma mais rara, durante a gestação e no momento do parto.
O ministério tem como meta eliminar a transmissão vertical do HTLV até 2030, objetivo alinhado às diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).