O sexo tântrico é uma prática sexual que visa prolongar ao máximo o prazer do casal por meio de técnicas que protelam o orgasmo pelo maior tempo possível (às vezes por muitas horas).
Teoricamente, todas as pessoas podem aprender esta maneira milenar de relacionamento íntimo, que encerra algumas idéias interessantes como não ter vícios (fumo, drogas, bebidas) e não ingerir carne.
Nós, ocidentais, excessivamente consumistas e imediatistas, nos atolamos até o pescoço em um narcisismo sem precedentes, que busca com sofreguidão o prazer imediato custe o que custar. Um(a) desconhecido(a) da balada, um(a) namorado(a), um(a) ficante, ou mesmo um corpo esguio, seminu, que nasce das trevas iluminado pelo farol do carro da vez.
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Vale tudo no drive-tru do fast food sexual. A coisificação e o imediatismo leva os seres humanos a usarem e serem usados de forma mecânica e animal ao sabor dos primitivos e poderosos instintos sexuais.
Atendo homens e mulheres de todas as idades, com toda a sorte de desvios e disfunções sexuais, e nestes descaminhos criados pelo sexo frequentemente fico boquiaberto com a genitalização desmedida e banal que se alastrou na juventude.
Muitos casais de ''namorados'' focam o encontro no sexo lacônico, não se conhecem e não sabem que ao invadir precocemente as portas do prazer físico trancam as passagens para o suntuoso universo da comunicação.
Esta excessiva e banal sexualização transforma a intercomunicação em uma caixa preta, que muitas vezes só será descoberta num futuro distante, quando a aeronave conjugal explodir nos ares.
Este é o momento de refletir sobre a qualidade da comunicação (visual, verbal, olfativa, tátil e genital) para que o sexo seja cada vez mais uma fonte inesgotável de prazer e comunicação.
O sexo, muito mais do que tântrico, é divino e só pode ser usufruído na sua plenitude quando há uma perfeita sintonia biopsicossocial, e acima de tudo, espiritual.
A qualidade é a grande meta, mas para atingi-la, é necessário um tempo especial, prioridade na agenda do casal, organização, dedicação, concentração, persistência. E para os mais apressadinhos, de vez em quando ''uma rapidinha'' para tomar fôlego e relaxar...
Mitos e verdades
- Mito: em matéria de sexo, quanto mais, melhor
- Verdade: o mais importante é a qualidade e a satisfação mútua
Calvino Coutinho Fernandes, terapeuta sexual e ginecologista