Sexualidade

Ter o útero retrovertido pode dificultar a gravidez?

01 jun 2010 às 19:19

O útero da mulher adulta encontra-se habitualmente na pelve, em sua porção anterior, fletido sobre a bexiga em direção ao púbis. Portanto, sua posição é inclinada anteriormente em relação ao eixo da vagina e fletido sobre seu próprio eixo, chamado de útero em anteversoflexão. Esta posição varia com o grau de repleção (estado ou condição do que está repleto) da bexiga ou do reto. Em mais ou menos 15% das mulheres, o útero pode estar voltado para a região posterior do corpo, o que é chamado de útero retrovertido (virado para trás). Ademais, pode ainda encontrar-se em uma posição intermediária.

Qualquer uma destas apresentações é considerada normal e o diagnóstico de sua posição é feito durante o exame ginecológico ou por meio de ultra-som. Para exemplificar, podemos fazer uma comparação entre pessoas canhotas e destras, que, assim como a posição uterina, são consideradas normais.


O útero mantém-se sustentado por meio de ligações com estruturas vizinhas, mantendo-o na pelve, e evitando que seja empurrado por meio da vagina.


Há muitos anos, quando uma mulher não conseguia engravidar e tinha o útero retrovertido, acreditava-se que esta era a causa da esterilidade, realizando-se uma cirurgia para a correção.


Hoje esta posição clínica está superada. O útero retrovertido pode estar relacionado a uma maior incidência de endometriose, a qual geralmente é acompanhada de sintomas como dor pélvica crônica, dor na relação sexual, cólica menstrual intensa e até mesmo ocorrência de dor ao urinar e evacuar. O diagnóstico e tratamento são feitos por videolaparoscopia, retirando-se os focos de endometriose.


Portanto, o útero retrovertido não leva à dor na relação sexual nem a dificuldades na gravidez, a não ser quando existem outras causas associadas, tais como aderência, processo inflamatório crônico, tumores e endometriose.


Mitos e verdades


- Mito: o útero retrovertido não é normal e deve ser tratado


- Verdade: o útero retrovertido pode estar relacionado a uma maior possibilidade de endometriose

Marcelo Mendonça, ginecologista


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