Sexualidade

Risco: gravidez após os 40

19 nov 2009 às 19:06

Minha esposa tem 44 anos e queremos ter um filho. Ela pode ter problemas com a gravidez por conta da idade? Tenho 43 anos e ela é mãe de um garoto de 19 anos.

Podemos considerar o caso sob três aspectos. Inicialmente, quanto à possibilidade de ocorrer a gravidez. Os ovários na vida fetal inicial possuem em torno de sete milhões de folículos (no interior de cada folículo deve existir um óvulo), que diminuem gradativamente. Ao nascer, cada ovário terá grande redução da população folicular.


No início da puberdade, ambos os ovários terão somente em torno de 500 mil folículos. A redução da quantidade de folículos se acentua principalmente após os 35 anos. As mulheres entre 35 e 39 anos são 50% menos férteis que as mulheres entre 30 e 34 anos. A chance de gravidez espontânea entre as mulheres de 40 a 44 anos fica em torno de 10%, enquanto que dos 45 aos 49, a taxa é de 2%.


O segundo aspecto a considerar é o risco de complicações. Após os 40 anos, na gravidez espontânea, a taxa de abortos encontra-se em torno de 57%. Há também alta incidência de diabete gestacional, hipertensão arterial, partos prematuros e alto risco de anomalias fetais. Cita-se que aos 25 anos a taxa é de 1 caso para cada 1.200 nascimentos; aos 35 anos, é de 1 caso para cada 365 nascimentos; já aos 45, o índice é de 1 caso a cada 32 nascimentos. Após os 40 anos de idade, a Síndrome de Down está presente em 9,5% das gestações.


O terceiro aspecto a ser considerado é o desejo de ser mãe. Se a possibilidade de gravidez é remota em função do ''relógio biológico'', a medicina reprodutiva atual recomenda o uso de doadora anônima (jovem) de óvulos, o que certamente atenuaria os problemas relacionados às anomalias fetais e abortos.


A doadora dos óvulos deve estar em tratamento por outras causas de infertilidade em um centro de reprodução humana e ter fenótipo (aparência física) semelhante à receptora.


As possíveis complicações de uma gestação após os 40 anos devem ser avaliadas pelo médico, por meio de exames clínicos e laboratoriais.

Osmar Henriques, médico especialista em reprodução humana


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