Acredita-se que a relação mãe-filho seja a matriz dos relacionamentos futuros, inclusive entre o bebê e o pai. Homens e mulheres reagem aos pais de maneiras diferentes, mas buscam os seus futuros parceiros sexuais embasados nas primitivas relações afetivas maternas e paternas.
Inicialmente o princípio do prazer é a mola propulsora e, mais tarde, o princípio da realidade exerce uma força maior na determinação das atitudes e comportamentos.
Tanto o homem quanto a mulher vivem a sensação de incompletude. Se a relação com a mãe é a matriz para os relacionamentos futuros, é possível que cada um procure num outro características daquela que inicialmente o completava. Sendo impossível localizar uma única pessoa que seja igual. Podendo buscar aspectos isolados da mãe e/ou pai em diferentes pessoas e alimentando o desejo de estabelecer relacionamentos com diferentes parceiros concomitantemente.
Se fossêmos guiados apenas pelo princípio do prazer, poderíamos tranquilamente vivenciar relações poligâmicas, que ainda hoje são permitidas em algumas culturas.
Entretanto somos regidos por algo mais do que forças instintivas. Os preceitos morais e éticos fazem parte da nossa constituição e, desde os primórdios da vida, exercem influências cruciais levando aos padrões de comportamento sexual que são permitidos e aceitos em cada cultura.
Se houver maturidade emocional, construída a partir da herança biológica e das relações afetivas ao longo da vida, é possível que se estabeleça um vínculo amoroso entre o casal, onde cada parceiro supre as necessidades afetivas do outro e, de certa forma, o complementa minimizando então a carência emocional que cada um sente.
A busca de parceiros amorosos é motivada por pulsões sexuais, que são submetidas a diversas vicissitudes: busca do prazer, constituição psíquica de cada um e meio ambiente em que vive.
Por outro lado, há pessoas (tanto homens quanto mulheres) cujos relacionamentos satisfazem apenas temporariamente e, mais tarde, estabelecem novas relações afetivas que podem culminar em casamentos monogâmicos sucessivos, resultando assim numa poligamia serial e, não simultânea, permitida em muitas civilizações.
Logo, a monogamia, tanto para o homem como para a mulher, não é ''antinatural'' é cultural.
Maria Elizabeth Barreto de Pinho Tavares - Doutora em Psicologia Clínica