O período de adolescência é um período de desenvolvimento rápido, descobertas e desafios. Correr riscos parece ser o maior deles, e proporciona a oportunidade de experimentar na própria pele, descobrir quem é para se ''distanciar'', ''con-TESTAR e se diferenciar'' dos pais tornando-se adulto e, para isso, procuram imitar o grupo, pertencer a ele.
É um processo, que embora curto, parece sempre longo demais para os pais e cuidadores. Alguns desses riscos incluem beber e dirigir, experimentar drogas, fumar, violência, sexo não seguro, quebrar regras (leis de trânsito, escola, Leis). O perigo está em que essas experimentações podem ter consequências prejudiciais em longo prazo ou, permanentes, na saúde e bem estar dos adolescentes.
O monitoramento dos pais, que deve começar na infância, pode fazer a diferença. Deixar claro suas expectativas em relação ao comportamento do seu adolescente, criar o hábito de saber sobre suas atividades e verificar se as regras estão sendo cumpridas. A liberdade almejada deve vir com o ingresso na maturidade, conquistada gradualmente a partir da ''con-FIANÇA'' e idade corretas, quando estiverem preparados para fazer suas escolhas e assumir as consequências, não os riscos. Ninguém aprende a caminhar enquanto não está organicamente pronto. Parece que a base de tudo está na qualidade do relacionamento estabelecido anteriormente com os pais e também dos pais com seus próprios pais. O diálogo e ''con-FIANÇA'' fará a relação possível.
Como fazer? Não existe resposta correta ou receita mágica, cada indivíduo é único com sua história, mas alguns indicadores podem ajudar: saber quem são os amigos; fazer acompanhamento escolar, ouvindo , visitando a escola e acatando orientações; aonde vai e com quem; conhecer seus parceiros de relacionamento; ouvir outros adultos dos ambientes que ele freqenta; monitorar como ele gasta o dinheiro; administrar o uso de internet e esclarecer os perigos; estabelecer consequências e cumpri-las. Estar sempre disponível caso ele precise lhe contatar e, ser acolhedor no primeiro momento, não importa o tamanho do erro, administre depois. O monitoramento dos pais é mais bem aceito, quando o adolescente sente que a relação é aberta, os pais são confiáveis, estão prontos para ouvir, conversar e tem um conselho útil- o que difere de dar lhe sempre razão.
O segredo? Esteja envolvido na vida de seu filho desde a mais tenra idade, porém o velho jargão popular é válido aqui também, o exemplo, vale mais do que as palavras. Conversar e ouvir o seu adolescente sobre como ele está e se sente. Não tardar em buscar ajuda se sentir dificuldades, suas ou deles. Ficar alerta para mudanças de comportamento, agressividade, recolhimento, tristeza, baixo rendimento escolar, problemas de relacionamento, alterações alimentares, depreciação. Um distúrbio precisa de especialista assim como qualquer doença física. Médico e psicólogo podem, quando recorridos a tempo, ser de grande ajuda. Por isso, perceba seus limites e se você não dá conta, busque ajuda profissional, ou corremos o risco de ''repetir'' indefinidamente a nossa história com nossos próprios pais e atribuir a genética o que é, de fato, transgeracionalidade. E não se esqueça de soltar as rédeas quando ele se tornar adulto.
Maristela Kosinski - psicóloga (Londrina)