A preferência por uma vida sexual promíscua indica, do ponto de vista psicológico, dificuldades de ordem afetiva. São pessoas que buscam satisfação erótica em situações de relativo anonimato, com o objetivo de realizar seus impulsos e fantasias mais primitivos com homens ou mulheres.
Entre algumas razões inconscientes capazes de conduzir à promiscuidade estão o narcisismo patológico ou a incapacidade de vincular-se a pessoas, o medo do abandono e solidão, baixa tolerância a frustrações, predomínio de uma agressividade destrutiva, sentimentos de culpa e baixa auto-estima.
Nestes casos, a pessoa procurada não existe como pessoa, mas como objeto e instrumento de prazer. É facilmente substituível e este é um dos objetivos do eterno desapego, pois as pessoas estão determinadas a não passar por luto algum.
Homens e mulheres que são incapazes de se relacionar espontaneamente e prazerosamente com seus parceiros legítimos sentem-se bem e capazes de usufruírem livremente sua sexualidade com um amante. É a capacidade de vincular-se que está danificada. A pessoa não consegue entregar-se ao seu parceiro.
Narciso, personagem da mitologia grega, sucumbiu num lago deslumbrado com sua própria beleza e incapaz de amar alguém que não fosse ele mesmo. Auto-encantamento, vaidade e egoísmo são incompatíveis com a capacidade de ir ao encontro do outro.
Uma dependência infantil é repetida pelo narcisista. Se ele recebe e destrói, nunca terá em si o suficiente e jamais se sentirá saciado. Ele descobre e desenvolve determinados recursos pessoais que lhe permitam parecer como um pavão, exibindo seu leque de qualidades, de modo a atrair possíveis interessados que estariam dispostos a lhe oferecer as provisões das quais ele necessita.
No entanto, ele sofre enormes incertezas sobre seu valor pessoal, e por mais que pareça auto-suficiente, é dependente e voraz. Não leva em consideração os sentimentos das pessoas, e se o faz, passa uma imagem de bonzinho para conseguir o que quer. Se acha no direito de exigir a perfeição de seu parceiro. E como ninguém é perfeito, ele parte para outra ''caçada''. Tudo isso resultado de experiências infantis traumáticas que resultaram numa ferida crônica.
Margareth Alves, psicóloga, terapeuta familiar e coach