A menopausa precoce é causada por um motivo conhecido que marca o fim das funções reprodutivas femininas. É o que acontece com mulheres portadoras de câncer que se submeteram ao tratamento quimioterápico ou radioterápico - terapias que prejudicam a fertilidade feminina - e com as que tiveram que remover cirurgicamente os ovários.
Tanto a menopausa resultante do processo de extração dos ovários quanto a que resulta de tratamentos de câncer produzem sintomas intensos de calores e suores, bem como secura vaginal e os demais desconfortos que caracterizam a menopausa, porque provocam uma queda brusca na produção hormonal.
Quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos, sem causa aparente, costuma-se identificar o processo como Falência Ovariana Prematura (FOP). Os desconfortos da transição hormonal neste caso ocorrem gradualmente, como na menopausa natural. Os ciclos menstruais tornam-se irregulares e os demais sintomas e outros distúrbios do desequilíbrio hormonal começam de forma branda e recrudescem, como na fase normal de transição ou perimenopausa.
A FOP pode ter causas genéticas ou ser consequência de doenças auto-imunes como a artrite reumatóide, o lupus e o diabetes. As doenças auto-imunes levam o organismo a desenvolver anticorpos que, em alguns casos, afetam o sistema reprodutivo e interferem na produção dos hormônios que regulam a ovulação e as demais funções ovarianas.
A determinação da causa da menopausa prematura é importante para as mulheres que desejam engravidar. O exame físico é útil, seguido por exames complementares (dosagem hormonal e ultra-som ovariano). Exames de sangue podem ser realizados para investigar a presença de anticorpos que acarretam danos às glândulas endócrinas - exemplo de doenças auto-imunes.
Para as mulheres com menos de 30 anos de idade, uma análise dos cromossomos é geralmente realizada. Confirmado o diagnóstico, a regra para o tratamento é a Terapia de Reposição Hormonal, a TRH.
O uso da TRH é imprescindível nos casos de menopausa de origem cirúrgica ou provocada por quimioterapia, em virtude da intensidade dos sintomas. A menopausa precoce é indicação precisa de Terapia de Reposição Hormonal, pois essas mulheres apresentam risco quatro vezes maior de desenvolver doenças cardíacas e sete vezes maior de desenvolver osteoporose.
A mulher com menopausa prematura apresenta uma chance inferior a 10% de ser capaz de conceber. Suas chances aumentam em até 50% quando é realizada a implantação de óvulos de outra mulher no seu útero - ovodoação - após eles serem fertilizados em laboratório, com emprego das técnicas de fertilização in vitro.
Joji Ueno, ginecologista especialista em reprodução humana (SP)