Hoje vivemos num mundo onde tudo demanda tempo, atenção, estar conectado à informação, à profissão, ao corpo, ao visual, à política, aos filhos, à escola etc. Para ser considerado(a) bem sucedido(a), além da questão financeira, há um perfil ao qual somos levados a nos enquadrar, senão poderemos estar desajustados dos padrões.
Se parássemos para pensar um pouco - se conseguíssemos parar um pouco - poderíamos questionar como temos feito tudo isso e se temos feito tudo isso. Até que ponto estamos realmente envolvidos com tudo e com quem está a nossa volta?
Podemos pensar nos relacionamentos que temos, atividades que desenvolvemos, lugares que frequentamos, enfim, como temos nos relacionado com o mundo, com o que acontece a nossa volta.
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Será que hoje temos tempo para nos envolver, para nos entregar, para realmente viver um relacionamento? Será que temos essa disponibilidade para permitir isso e permitir que mais alguém faça parte da nossa vida, ou será que vivemos tão acuados e voltados para outras coisas que acabamos perdendo essa referência?
Desaprendemos ou temos medo de sentir, de nos entregar, de participar e deixar que o outro participe da nossa vida, que nos conheça com o que temos de bom e de ruim.
São muitos os questionamentos, e cada um poderá pensar analisando a vida que leva, percebendo com que pessoas e como tem convivido, o que tem oferecido e o que tem esperado de quem está ao lado. E não estamos falando aqui do lado econômico, do financeiro, das coisas materiais.
Hoje estamos na era do descartável, da troca fácil e parece que isso tem sido aplicado com muita facilidade no dia a dia, no âmbito do relacionar-se, do gostar, do ter atenção, do estar presente, perto do outro. Não deu certo? Troca!
Como é bom quando podemos sentir que temos alguém realmente do nosso lado, que nos escuta, que nos acolhe mesmo quando estamos tristes, quando estamos naqueles momentos de angústia, de dúvida, quando estamos alegres, quando queremos comemorar ou simplesmente quando queremos ficar quietos.
O fato de saber que temos alguém já pode ser reconfortante e terapêutico. Não se trata de dependência, mas sim de sentimentos, de segurança, de sentir-se pertencendo a, de não sentir-se desamparado. Esse alguém pode ser tanto o companheiro(a) como um amigo(a), e até mesmo alguém da família.
Vivemos num mundo onde tudo é extremamente superficial e acabamos incorporando esses conceitos com imensa facilidade. Corremos o risco de perdermos a nós e aos outros, de nos misturarmos, de não exercitarmos o que temos e sentimos. Corremos o risco de desaprendermos a nos expressar, a nos mostrar como somos.
Se fossêmos hoje medir o nosso afeto e envolvimento com o outro, que resultado será que teríamos? O resultado pode ser surpreendente. Que tal fazer o teste?
Maria Regina Altoé Marcantonio - Psicóloga e Terapeuta de Família (Maringá)