Em nossos relacionamentos, sempre buscamos algo compensatório. Uma pessoa escolhe outra diferente dela e há razões para isso. Necessitamos projetar em nós mesmos o que vemos no outro e sabemos que não temos. Mas para que a relação se mantenha, é preciso haver afinidades entre o casal.
Os casais que chegam ao altar desejam viver juntos até que a morte os separe. Nos EUA, a cada dois casamentos, ocorre um divórcio. No Brasil, segundo o IBGE, a duração média dos casamentos é de 10,5 anos. Ao ano, são celebrados cerca de 760 mil casamentos e 180 mil separações.
O que faz, então, com que pessoas se apaixonem, casem, tenham filhos, vivam juntos por alguns anos e cheguem a um juiz para dizer que sofrem de incompatibilidade de gênios? Existem realmente casamentos felizes? Afinal, ''o amor só é eterno enquanto dura'' ou ''o amor é realmente eterno''?
Os opostos se atraem, mas nem por isso combinam bem. O resultado desta união não é, obrigatoriamente, um sucesso. Temperamentos e gostos antagônicos dificultam a vida em comum. Durante o período de namoro, os obstáculos existem, mas não são tão importantes, já que são raras as coisas práticas compartilhadas.
Após o casamento, as divergências infernizam o cotidiano. Como encaminhar a educação dos filhos? Como planejar a economia doméstica? Na prática, os opostos se atraem, mas na rotina as contradições tornam-se acirradas. Começa, então, a tarefa de cada um tentar modificar o outro. O marido quer moldar a mulher de acordo com o seu jeito; a mulher deseja que o marido a compreenda e se aproxime dos seus pontos de vista. Será que isso é possível?
As diferenças não deveriam diminuir com o convívio? Deveriam, mas não diminuem, talvez por medo de ver o encantamento amoroso desaparecer. Sim, porque os namorados se sentiram atraídos exatamente por serem pólos opostos.
Então, se ficarem parecidos, não acabará o amor? Não deixa de ser ironia que a gente se sinta fascinado por pessoas com as quais não teremos bom convívio. Este fenômeno é responsável pelo grande número de divórcios.
Então a atração por opostos é inevitável? Acho que não, apesar de ser comum. Por isso, é importante entender as razões que levam a este tipo de encantamento.
A principal causa do magnetismo entre opostos é a falta ou a diminuição da auto-estima. Quando não estou satisfeita(o) com o meu modo de ser, vou procurar alguém completamente diverso. Sendo introvertido e tímido, a tendência será me apaixonar por alguém sem inibição. Com o tempo, o que suscitava admiração vai se tornar fonte de irritação. Ao ''ter'' o outro, ''tenho'' a extroversão que me faltava. Sinto-me mais completo.
Tudo muito lógico na teoria. Na prática, as diferenças nos desagradam, dificultam a vida. São responsáveis por atritos constantes e brigas ''normais'' entre marido e mulher. Será que são mesmo normais?
Mitos e Verdades
- Mito: quando os opostos se atraem, a relação é duradoura.
- Verdade: o amor só é eterno enquanto dura.
Eliane Marçal, psicóloga clínica e hipnoterapeuta