Caminhando para o trabalho hoje de manhã lembrei-me que amanhã à noite, se Deus permitir, estarei com um simpático grupo de casais a convite de uma amiga.
Como começar o assunto? Lembrei-me de um breve comentário que fiz com minha esposa há alguns dias: Priscila, há vários níveis de comunicação. Visualizando as pessoas ao longe é uma comunicação sem muitos detalhes, mas ao nos aproximarmos fisicamente delas obteremos mais detalhes visuais, auditivos e mesmo olfativos.
Iniciando um diálogo, essa comunicação passa para um nível mais profundo, mas sob o ângulo pessoal esta interação ainda mal raspou a superfície. Comentários sobre a guerra no Oriente, jogo do Corinthians, a briga do vizinho, etc, não revelam quase nada da intimidade de cada um.
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A sexualidade enriquece sobremaneira os relacionamentos em geral e especialmente o relacionamento dos casais. A sexualidade é uma forma de comunicação e grande favorecedor da aproximação de homens e mulheres. Ela cria um clima favorável para a aproximação inicial estimulando o diálogo, a auto-descoberta e a descoberta do outro, das suas idéias, sentimentos, desejos, enfim, a ''alma do outro''.
O jogo da paixão é constantemente banhado por hormônios sexuais e mediadores químicos cerebrais: a ''molécula do amor'' (feniletilamina) que inunda os corpos dos apaixonados e a ocitocina, produzida no contato pele-pele mesmo num singelo ''abraço'' de mãos.
Todo este ''clima'' apaixonante poderá, ou não, desaguar no divino oceano do amor. A genitalização é o passo seguinte consequente ao sentimento sublime de querer o bem do outro. O triste fim é que os casais atropelam todo o jogo da sedução indo diretamente para a intimidade sexual.
Este salto nos estágios da comunicação resulta em pares que se usam mutuamente, completos estranhos, a mercê das disfunções sexuais, esterilidade, gestações não planejadas, etc.
Toda energia que seria utilizada para a comunicação é convertida para o sexo urgente, aqui e agora.
Calvino C. Fernandes, terapeuta sexual