No início dos anos 1960 houve uma revolução sexual na Europa, e no Brasil ocorreu a partir dos anos 1970. Esta revolução enfatizava que homens e mulheres poderiam ter direitos iguais para ficar, namorar ou até para praticar 'sexo livre'; a satisfação pessoal das emoções era o que importava e não se fazia necessário sentimentos entre os parceiros. Assim surgiu a expressão 'ficar'.
A principal característica do ficar é a total ausência de compromisso. É uma prática mais comum entre jovens. Às vezes ficam juntos em uma festa, e no dia seguinte nem se cumprimentam. Segundo depoimentos de jovens o ficar não impõe nenhum compromisso nem tem regras. Muitas pessoas têm medo de compromisso, de uma certa forma por se sentirem inseguras para ter intimidade com alguém.
Quando se fica, já se sabe que não há compromisso de que aquela relação vá continuar. É um comportamento que antecede o namoro. Afirmam estudiosos que ''ficar não é um privilégio nem uma invenção das gerações atuais. Antigamente as pessoas também 'ficavam', embora atribuíssem nomes diferentes para essa prática, que era também menos generalizada do que atualmente''.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Na realidade, esta prática tem vantagens e desvantagens. Vantagens: o indivíduo pode não estar certo se quer iniciar um namoro, um relacionamento mais sério, pois não existem cobranças. Desvantagens: a certeza de que mesmo que o indivíduo fique triste, nada poderá cobrar do outro; pode surgir sentimento de menos valia por não ser procurado de novo pela mesma pessoa; sabe-se que o outro não assumiu compromisso nem mesmo de um telefonema.
No namoro as coisas se modificam, pois já existe compromisso implícito de fidelidade. É neste período que se testa a capacidade afetiva de cada um. Troca de olhares, envolvimento emocional e afetivo, desejo intenso de estar junto. Namoro é algo que tem que somar, proporcionar prazer, deixar a pessoa mais feliz. É sentir saudade à tarde de alguém que se viu pela manhã, é sentir-se bem humorado, conseguir ver a beleza nas pequenas coisas.
Na fase de namoro as pessoas sonham com um relacionamento perfeito. Ela imagina ter encontrado seu príncipe encantado; ele, a sua Cinderela. Os dois esquecem que o ser humano não é perfeito, e que devemos respeitar os limites de cada um, inclusive os defeitos.
Quanto ao amor, este transcende o estudo de comportamento. A psicologia não tem um conceito único do amor. Sabemos que o relacionamento amoroso sempre existiu, porém sempre se modificando.
As mulheres de hoje são menos reprimidas, muitas tomam iniciativa para encontrar o amor, pois ninguém nasceu para viver sozinho. Importante é lembrar que o papel da sedução é de competência do homem e da mulher. No amor muitas vezes é até agradável perder o juízo, e conseguir viver intensamente momentos inesquecíveis.
Marilandes Ribeiro Braga, psicóloga e terapeuta sexual (Presidente Prudente-SP)