Na vida conjugal, os comportamentos são variados, evidenciando o poder do desenvolvimento e o êxtase exercido pela atração das partes que se conhecem. O que queremos para nós depositamos no outro. Com a rotina é possível conhecer a pessoa como ela é. Surgem as dificuldades: financeiras, diferenças de educação, formação profissional, estilo de vida e objetivos (ambição, posição social), problemas sexuais (orgânico e psíquico), infidelidade, beleza, idade, nascimento dos filhos, personalidade - introversão (os mais reservadas) e extroversão (que se expõem socialmente), problemas psicológicos, diferenças de credo e fé.
A vontade de nos cuidar para o outro e tentar compreendê-lo estimula o interesse pela união. As situações de separação são a incompatibilidade de gênios ou as dificuldades sociais comuns. A rotina da convivência é prejudicial. A pessoa age inconscientemente, como se fosse alguém na sua casa. Mantém comunicação e hábitos rotineiros, inclusive os financeiros. Mas, a forma de ser e estar apresenta a frieza ocasionada pelo distanciamento. Deixa as responsabilidades, sobretudo as domésticas, para o outro cuidar. Da cordialidade e doçura, passa a existir um espectro de isolamento e pesar. O outro percebe as diferenças no tratamento recebido e se sente só. As discussões existem com frequência em virtude do mal-estar alojado e falta de compreensão. Conflitos surgem e avolumam-se. A pouca consciência provoca a discórdia entre o casal, atingindo quem estiver por perto, via de regra, os filhos. Lembranças e cobranças que eram boas, são lançadas no calor das discussões. Aquece o desentendimento. Esse estresse leva os envolvidos à depressão e outros males, desencadeando a separação.
Caso ocorra uma separação, desta forma, evitar-se-á o sofrimento de uma provável desvinculação. A terapia é o melhor atalho para o autoconhecimento, gerador de crescimento. Respeitando-se as individualidades e construindo relações afetivas, que sustentem os dissabores que a vida se encarrega de apresentar a todos, sem exceção. Dialogar, conversar com o coração aberto, oferece uma primeira abertura para compreender a vida do casal. O primeiro passo pode modificar aquilo que já era considerado inevitável: separação. Requer coragem e vontade para mudar. Aceitar os problemas e lutar para transformar o prejudicial em saudável. Há uma necessidade de crescimento para os envolvidas. O grau de maturidade determinará o quanto se quer conviver bem. Ambas as partes devem estar dispostas e comprometidas a participar deste processo, apoiando-se. É preciso administrar os problemas existentes dando lugar ao desenvolvimento qualitativo de vida. Isto se dá de dentro para fora.
Cuidar do comprometimento afetivo em conjunto permite existir a unidade fundamental das relações conjugais: a dependência equilibrada e necessidade da vida conjugal; vale à pena lutar com vontade, ajuda e conhecimento.
Eliane Marçal, psicóloga clínica e hipnoterapeuta