Os adolescentes passaram por transformações signifitivas relacionadas ao conceito de namoro e comprometimento. Incluíram em sua vivência a realidade do ''ficar'', do sexo sem vínculo, da relação descartável e da multiplicidade de parceiros.
Em linhas gerais, os adolescentes possuem uma noção efêmera dos sentimentos, sendo muito intensos naquilo que vivem no momento. Ao mesmo tempo, muitas vezes, na sociedade atual, tem-se uma adolescência passiva, sem iniciativa e com baixa tolerância à frustração e à dor, o que pode elevar o abuso das substâncias químicas e álcool.
A sociedade em geral tem priorizado a falta de vínculo e a busca pelo prazer sem limites, que gera um sentimento de insegurança. O adolescente contemporâneo se encontra sem referências hierárquicas, pois o cuidador trocou a posição de autoridade por ''somente'' amizade, favorecendo uma sensação de desproteção e abandono.
Assim, como o adolescente não é cuidado, não se sente pertencente e, consequentemente, não propicia em sua própria relação amorosa este compromisso.
Contudo, os adolescentes encontram-se num momento especial no estágio do ciclo da vida: estão abertos às novas possibilidades, às mudanças, ao perigo, ousadias e decisões. É nesta fase que surgem poetas, pesquisadores, escritores, políticos, professores despertando o romantismo, a esperança e o sonho.
Apesar da vivência descartável das relações, ainda é uma fase em que se vivenciam as grandes paixões que podem conduzir a uniões estáveis e duradouras.
É nesta fase de criatividade, de experiências, de busca intensa de aceitação que se pode observar sua genuína emoção, com manobras radicais, música alta, quartos desarrumados, cortes de cabelo e maneira de vestir semellhante, ora querendo ser diferente, ora priorizando o que é igual.
O adolescente busca seu espaço, seu grupo, sua paixão, almejando ser desejado como uma maneira de se fortalecer.
Diante disso, se faz relevante àqueles que possuem esta posição de autoridade assumi-la com o foco no cuidado, deixando os extremos do abandono e do autoritarismo.
Buscar compreender esta fase da vida, cuidando, seja na escola, na família, na comunidade do adolescente, sem o enfoque no saudosismo, mas percebendo as novas dinâmicas das relações e auxiliando os mesmos a fazerem as melhores escolhas. Os adolescentes precisam ser amados e acolhidos, para assim, poderem aprender a formar vínculos de intimidades que tragam ao mesmo o sentimento de pertencer e segurança.
Leda Meda Caetano - psicóloga e terapeuta de família e Taritha Meda Caetano Gomes - advogada