A arquitetura vem acompanhando algumas mudanças nas dinâmicas das relações conjugais. Primeiro foram os banheiros com pias duplas, em alguns casos com dois chuveiros. Depois vieram quartos, suítes e closets distintos. É um reflexo da mudança de comportamento de maridos e mulheres, que a cada dia buscam mais e mais privacidade.
O casamento tradicional, sob o mesmo teto, muitas vezes não atende mais às necessidades dos casais. Eles sentem que morando em casas separadas a privacidade é melhor preservada, assim como um cotidiano sem rotina. Eles dizem que os encontros são saudosos, sem o ônus da convivência sob o mesmo teto.
Casais que vivem em casas separadas sentem que quando se encontram é por uma escolha, e não pela obrigação. Preservam a atração sexual. Além disso, há o sentimento de que a rotina arrasa qualquer relação, e consideram que a saudade é imprescindível.
Outro aspecto é que com o número crescente de separações, os casais que se casam novamente têm filhos da primeira união e optam por ter um espaço para cada um morar com seus filhos. Preferem preservar a liberdade dos filhos e proteger a intimidade do casal morando em casas separadas.
Algumas características parecem se repetir: com duas opções de moradia a vida do casal é variada. Se querem ficar sozinhos, isso é visto com tranqüilidade. Quando se encontram, é por vontade de estarem juntos. Dinheiro não se mistura e cada um banca suas despesas.
Talvez este tipo de relacionamento traga menos crescimento para o casal, já que em algumas situações de conflito existe a possibilidade de cada um voltar para sua casa e não enfrentar a situação. Por outro lado, alguém pode dizer que ir para casa esfriar a cabeça e depois conversar pode ser uma ótima solução.
Será que este padrão de relacionamento veio para ficar? Será que esta será a melhor forma de relação conjugal no futuro próximo? O ser humano é muito complexo e está longe de se enquadrar em um único modelo. O que podemos dizer é que, como tudo, há vantagens e desvantagens.
Vantagens: preserva a privacidade e afasta a rotina conjugal; os encontros são mais prazerosos, há o cultivo do romantismo e a atração sexual; cada um se desdobra para superar suas próprias necessidades; há uma grande expectativa de cuidados do outro. Desvantagens: as pessoas passam mais momentos sozinhas; o mais dependente pode sentir mais solidão; o mais sonhador pensa que não era aquilo que esperava; a liberdade em excesso pode gerar sentimentos de desconfiança.
Margareth Alves, psicóloga e terapeuta familiar