Sexualidade

Humanização das relações continua fundamental

25 jan 2011 às 15:49

São muitas as pessoas que deixaram a humanização de lado e isso contribui imensamente para o empobrecimento das relações humanas. O homem nasce animal, mas se faz humano através dos relacionamentos. Por isso as relações humanas de qualidade são um imperativo para o crescimento de toda a sociedade. No entanto, o que mais se tem visto são pessoas se desumanizando e se tratando como objetos.

Tudo isso pode ser visto nos programas de televisão, nos comerciais e até nas empresas em que trabalhamos. São muitas as situações em que o homem passa de sujeito a objeto, pervertendo as relações. Assim, já que o homem se fez um objeto pode então ser usado, é mais uma mercadoria.


Nos programas de reality show as mercadorias ficam estampadas na tela da TV para o nosso prazer, principalmente quando são exibidas cenas de humilhações constrangedoras. Nos comerciais são muitos os exemplos de desvirtuação de valores onde o que realmente importa é o ter e não o ser. Nas empresas suga-se até a medula dos funcionários e quando estes podem ser substituídos por outros mais baratos são descartados rapidamente.


Essa desvalorização do humano acontece também nas famílias. Muitas vezes o diálogo e a compreensão encontram-se escassos e o que impera são relacionamentos nos quais um usa o outro para atingir seus objetivos narcísicos.


Vive-se um momento onde o outro está desprovido de valor e o que vale é o lucro que pode-se ganhar. A era do lucro e da ''esperteza'' nos impõe tirar vantagem de tudo, inclusive do próximo.


É através dos relacionamentos que aprendemos a ser humanos. Gratidão, reparação, amor e paciência não nascem conosco, mas são coisas aprendidas quando há relações que priorizem essas atitudes e pensamentos. Um trabalho de reeducação dos valores se faz necessário. E é um trabalho de todos.


Conhecer e analisar a história de vida é um possível meio de sair dessa posição de objeto e passar a ser sujeito. Isto implica a reflexão sobre o que fizeram conosco e o que nós fazemos conosco e com os outros. Para daí mudar o que precisa ser mudado.


Começar a dizer não a situações perversas e criar novas posições onde o humano possa realmente nascer, só é possível, conhecendo as origens de nossas atitudes. E é onde poderemos criar recursos para inovar.


Uma só pessoa mudando suas atitudes pode ser o começo de uma grande mudança no mundo. Há um ditado que diz ''uma andorinha só não faz verão'', mas prefiro uma frase de Gandhi muito mais verdadeira e poderosa: ''Tudo o que fizeres de bem no mundo será pouco, mas mesmo assim é importante que você o faça''.

Sylvio do Amaral Schreiner - psicólogo clínico (Londrina)


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