Há 20 ou 30 anos, a mulher não se achava no direito de ter orgasmo. Hoje, um apenas já não basta, ela quer múltiplos. A mulher conquistou espaços na sociedade, no mercado de trabalho, e hoje fala de igual para igual com homens em vários setores. E está indo em busca de atitudes mais assertivas no jogo da conquista.
Muitas mulheres ainda guardam uma série de questionamentos e inseguranças. As mulheres estão aparentemente mais liberadas, mas afetivamente ainda são reprimidas. Elas têm atitude, mas muito dos preconceitos e valores impostos pela sociedade permanecem. Apesar de encararem o sexo de uma forma mais natural, muitas têm dificuldade de se relacionar e se envolver.
O ficar então evoluiu do beijo à possibilidade de parar no motel e o contato sexual, e muitas vezes é visto como mais importante do que o vínculo afetivo. No entanto, respeito e sensibilidade são os segredos de uma boa investida.
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Assim, elas tomam a frente na primeira vez, não têm vergonha de ligar no dia seguinte e acham normal se aproximar se o rapaz despertar interesse, mesmo passando alguns anos sem investir num relacionamento sério. A palavra de ordem é aproveitar, até que apareça a pessoa certa.
A melhor dica para quem gosta de tomar a iniciativa é não se decepcionar com a reprovação do parceiro, é ter sensibilidade. A palavra-chave é respeitar suas vontades e também as do outro. Elas têm seus direitos, mas existe um jogo erótico da conquista em que sempre corremos o risco de errar a dose. Acertar essa medida é um desafio para o qual infelizmente não existem regras. Sexo não é apenas o ato em si, tem a ver com uma série de costumes, valores e crenças. Vivemos ainda numa sociedade machista que delega alguns papéis ao homem e outros à mulher. Alguns rapazes podem se assustar com um comportamento mais direto.
Há que apontar também o processo de transformação dos homens. Eles estão assustados com a atitude feminina e sentem-se cada vez mais cobrados. Precisam ser sensíveis, românticos, ter bom padrão social, ereção etc. Eles também são mais exigidos do que há 50 anos. Os homens que têm postura de conquistadores e não estão acostumados a serem o objeto de desejo talvez não se sintam à vontade. Mas os mais tímidos costumam gostar. Uma mulher conta que começou a puxar papo com um rapaz que furou fila na sua frente, e depois de algumas saídas ele contou que adorou a forma como ela se aproximou.
Já passou a época de fazer joguinho para não pensarem mal da mulher. A vida é uma só, e muito curta, dizem elas.
Eliane Marçal, psicóloga clínica e hipnoterapeuta