O fenômeno é mundial e vem impactando igualmente a vida de homens e mulheres. Os níveis de estresse no ambiente de trabalho estão aumentando assustadoramente e se tornando um problema de saúde pública. Competição, pressão e assédio moral são as queixas mais frequentes e que têm levado muita gente ao afastamento por depressão, doenças crônicas e pela síndrome do esgotamento profissional. Mas isso não é tudo. Altos níveis de estresse também estão relacionados à dificuldade para engravidar.
O quanto o estresse impacta a fertilidade das pessoas e seus efeitos psicológicos é tema que vem sendo estudado faz tempo e tem demonstrado que é fundamental trabalhar o aspecto emocional de casais em tratamento de fertilização assistida. Estudo empreendido no Instituto Sapientiae, coordenado pelo especialista Edson Borges Junior, avaliou o impacto do estresse oxidativo em 332 casais inférteis em tratamento de fertilização assistida – analisando sêmen e fluído folicular. Ficou comprovado que o excesso de radicais livres tem impacto negativo sobre o DNA, lipídios e proteínas, dificultando a gravidez.
"O estresse emocional desencadeia uma série de desdobramentos no organismo humano, incluindo o aumento do estresse oxidativo, que tem grande influência na piora da qualidade dos oócitos e na qualidade do sêmen. Controlar os níveis de estresse, então, passa a integrar o conjunto de medidas que fazem parte do tratamento de fertilização assistida", diz o especialista Edson Borges Junior. "Fatores relacionados ao estilo de vida têm influência, inclusive, sobre o ciclo menstrual da mulher. Por isso é tão importante oferecer ao casal, principalmente à paciente, um suporte psicológico durante o período em que está em tratamento. A terapia cognitivo-comportamental pode ser de grande valia no período."
Estudo publicado em 2013, envolvendo 31 países europeus, revelou que o estresse no ambiente de trabalho é encarado como algo comum por mais da metade dos funcionários – principalmente por aqueles que trabalham em escritórios e na prestação de serviços. A insegurança na manutenção do emprego, o excesso de trabalho e de cobrança por resultados – além de casos crescentes de assédio e bullying – são citados como as causas mais frequentes de depressão e dos altos níveis de estresse. No jornal Human Reproduction, médicos que compararam a taxa de gravidez entre casais estressados e casais calmos chegaram à conclusão de que nos meses em que os casais sentiam-se mais felizes e ‘de bem com a vida’, as taxas de fertilização eram de fato mais elevadas.