Um sujeito irá encontrar pela vida afora duas realidades, uma interna outra externa. A realidade externa será representada pelas circunstâncias que cercam o sujeito em algum momento da vida e isso pode ser importante, mas não define quem o sujeito é e nem como ele reage.
A realidade interna, por sua vez, será representada pelas crenças ou programação mental, inscritas no inconsciente, que terão papel fundamental na construção dos pensamentos e de alguma forma definem quem o sujeito é.
As crenças ou programação mental produzem os pensamentos, que produzem os sentimentos que, infelizmente, comandam a vida, gerando reações ou paralisando ações, ainda que incoerentes.
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Quando se compreende que tudo começa nessa programação mental inconsciente, resta-nos saber como ela é feita e se podemos fazer algo para que seja elaborada melhor.
Os pais são os principais promotores desta programação. Cada palavra, cada gesto, cada atitude, cada ação ou omissão podem ser consideradas sementes que ao caírem em solo fértil podem germinar e produzir muito mais do que se plantou.
O caráter dos pais de semeadores na vida dos filhos vai muito além da oportunidade de quem está mais próximo. Trata-se de uma legitimidade que pode ser detalhada em um outro momento, mas que potencializa a ação da semente.
Cada um como sujeito é resultado da educação recebida dos pais. Haverá o dia em que seremos surpreendidos fazendo igual a eles, sendo semelhantes a eles, colhendo os resultados daquilo que semearam em nós.
Há muitos pais confusos e sem compreender o seu verdadeiro papel. Suas próprias crenças de que tem que optar entre o amor ou o respeito dos filhos é um exemplo desses equívocos mais comuns que os levam a serem permissivos.
Há pais que mesmo sem poder financeiramente dão tudo o que os filhos pedem sem medir as consequências no processo educativo desse sujeito; pais que preferem dizer sim, mesmo que não concordem para não desagradar os filhos.
Dessa forma colocam no papel de vítimas dos ''filhos mal criados'' e não compreendem que há aí uma relação de causa e efeito, de semeadura e
colheita.
Os filhos precisam dos pais porque eles fornecem o modelo a ser seguido. Os filhos precisam dos pais porque deles se herdam as crenças, que geram os pensamentos, que determinam os sentimentos, que produzem as ações, que mostram quem o sujeito é.
Mito: O mundo mudou e com a influência da mídia e dos amigos os pais têm pouca ou nenhuma influência sobre quem o filho irá se tornar.
Verdade: A influência dos pais na formação dos filhos é a mais importante e a de maior impacto. Esta influência se torna melhor a partir da consciência que os pais tiverem desta realidade da semeadura (programação mental).
Ailton Bastos - psicanalista clínica (Londrina)