Estamos nos aproximando de mais um ano letivo nas escolas e a necessidade de uma educação sexual emancipatória, que esteja comprometida com a transformação social, é fundamental. Para isso, faz-se necessário que o professor não seja o único envolvido neste processo, mas toda a comunidade escolar. O apoio e o incentivo da direção da escola deve se concretizar, assumindo junto dos professores, equipe pedagógica e funcionários este compromisso.
Para a pesquisadora Maria José Garcia Werebe, uma autêntica educação sexual deve estar centrada na criança e no jovem, e ter, como ponto de partida e de chegada, suas necessidades, suas indagações, suas aspirações e desejos. Para ela, o educando deve ser o próprio sujeito da educação, na medida em que deverá aprender a se conhecer diretamente e não apenas de forma indireta, por meio apenas de referências literárias, históricas, artísticas, morais e religiosas.
É fundamental trabalhar e refletir sobre a igualdade de direitos, rejeitando a discriminação em relação aos dois sexos, bem como às diversas etnias e nacionalidades, conhecendo e compreendendo as orientações sexuais, e aprendendo a respeitá-las. Devemos ainda conhecer e compreender os distintos valores culturais e morais ligados à sexualidade, e adotar decisões próprias em relação à opção em matéria de vida sexual e afetiva, com base nos conhecimentos adquiridos e nos valores culturais, morais e/ou religiosos.
Segundo Werebe, nas intervenções de educação sexual, deve-se respeitar o direito à palavra, e para isso, é preciso criar condições para que as crianças e os jovens possam exprimir suas dúvidas, inquietações e curiosidades a respeito da sexualidade em geral, e da sua própria em particular, assim como é preciso discutir questões controvertidas, tais como a homossexualidade, o aborto, a virgindade, entre outras, além das normas sexuais vigentes.
Sendo assim, fica a sugestão para que as equipes pedagógicas se organizem a fim de inserir nas atividades já estabelecidas pela Secretaria de Estado da Educação, temas relacionados à sexualidade, e das discussões que possam surgir, que a educação sexual seja efetivada nas escolas, de forma contínua, sistemática, abrangente e integrante. O resultado será surpreendente.
Ricardo Desidério da Silva, professor mestre, educador sexual e integrante da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH)