Tem-se o conceito errôneo de que os indivíduos com mais de 40 anos vivem uma sexualidade menor do que a dos mais jovens. Na verdade, num estudo feito em Curitiba, verificou-se que esta sexualidade tende a desaparecer quando não estimulada. Esta é uma das diferenças da sexualidade da mulher idosa e da jovem. Para a última, não é necessário estímulo para que ela floresça.
Já para a mulher idosa, o estímulo tem que estar presente. Observa-se, então, que a sexualidade da mulher idosa diminui, na verdade, por morte ou separação do parceiro, ou seja, quando a unidade conjugal desaparece. No entanto, numa investigação mais detalhada, observa-se que persistem os atos masturbatórios e os sonhos orgásticos. Com os homens idosos e sem parceiras já ocorrem mais poluções e atos masturbatórios.
Observou-se que 70% dos indivíduos idosos que relatam impotência ou frigidez de longa data (de quatro a nove anos) procuram ajuda médica exatamente porque encontraram agora, na terceira idade, uma nova parceria ou parceiro.
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Desta maneira, está claro que o indivíduo idoso solitário tem uma freqüência sexual baixa, pelo fato de não ter estímulo sexual e não pelo fator idade. Idade não significa envelhecimento, pois a capacidade vital do indivíduo, assim como a capacidade sexual, está ligada à sua idade biológica e não cronológica. Desde que o idoso não apresente doenças degenerativas, vasculares ou metabólicas, a sua capacidade sexual será normal.
Em um trabalho feito no Núcleo de Estudos de Sexologia e Geriatria com um grupo de 150 mulheres da região Sul do Brasil, casadas há mais de 15 anos, da classe média e com idade variando entre 30 e 70 anos, verificou-se que as mulheres com mais ou menos 40 anos faziam sexo aproximadamente 12 vezes ao mês.
Observou-se, porém, que as mulheres de 40 a 70 anos, em segundo matrimônio, faziam sexo em torno de 17 vezes ao mês. A latência orgástica das mulheres jovens é de 5 a 30 minutos e a da idosa é de 0,3 segundos a 7 minutos. Os orgasmos múltiplos aparecem com mais freqüência nas mulheres acima de 40 anos, que antes eram monorgásticas.
Pfeffler diz que 6% dos idosos de 66 a 73 anos não gostam de fazer sexo, enquanto que entre as mulheres este número é de 33%. Porém, as mulheres afirmaram que isso ocorria por causa dos maridos (36% por morte; ou 20% devido a doenças), 12% devido a divórcios e 12%, à impotência dos maridos.
Marilene Cristina Vargas, médica e sexóloga