A vasectomia é um método seguro e eficaz de esterilização do homem que não deseja mais ter filhos. É uma cirurgia tecnicamente simples, de baixo custo e com rápida recuperação, desde que realizada em condições favoráveis e por especialistas. Os pequenos canais que conduzem os espermatozóides ao sêmen (ductos deferentes) são seccionados e amarrados dentro da bolsa escrotal. Sua segurança como método contraceptivo é de cerca de 98%. Mas recomenda-se controle após a cirurgia, por meio de espermograma, pelo menos uma vez por ano.
É um método contraceptivo, que dentro de certos limites, pode ser desfeito, o que é denominado de reversão de vasectomia ou recanalização dos deferentes. Em hipótese alguma a vasectomia deve ser encarada como método anticoncepcional temporário. A legislação só permite a sua realização em homens com mais de 25 anos que possuam dois ou mais filho vivos, e ainda só poderá ser realizada após 60 dias da primeira manifestação do desejo do casal em fazê-la.
A reversão da vasectomia é também um procedimento cirúrgico, muito mais complexo do que a vasectomia. Sua realização demora de duas a três horas, e além de materiais especiais, exige-se do urologista treinamento em microcirurgia, o que contribui para o sucesso do resultado, que é voltar a ter espermatozóides em quantidade e qualidade com possibilidade de obter gravidez.
Cerca de 5% a 8% dos pacientes vasectomizados acabam optando pela reversão, especialmente em decorrência do número de casais que hoje se separam e que pretendem ter uma nova família. Um dos principais fatores de sucesso é o tempo decorrido entre a vasectomia e a reversão. Quanto maior for este tempo, menores serão as chances de obter espermatozóides no sêmem, e o índice de gravidez também diminui muito com esse tempo.
Homens vasectomizados há até três anos tem 98% de recanalização positiva com 75% de gravidez; de cinco 5 a 10 anos, 97% de recanalização e gravidez de 50%; acima de 10 anos, 93% de espermatozóides presentes com 45% de gravidez, a qual cai para 30% quando a vasectomia foi feita há mais ou menos 15 anos.
Existem hoje vários métodos de reprodução assistida (RA) que podem ser usados para obter gravidez a partir de homens vasectomizados, mas estudos têm mostrado que é preferível optar primeiro pela reversão da vasectomia, pois o resultado atinge o dobro do sucesso, com metade do custo da RA. O mesmo não invalida a realização posterior pelo método de RA se a reversão por acaso não for bem-sucedida.
Optando pelo inverso, a reversão não mais poderá ser feita, pois a obtenção de espermatozóides do epidídimo ou do testículo por punção ou cirurgia para a reprodução assistida terá causado obstruções irreversíveis dos canalículos seminais. Por isso, antes de ser tomada qualquer decisão pelo casal, é importante o aconselhamento com especialistas.
Edison Henrique Vannuchi, urologista