Muitos pais sentem-se constrangidos para responder as perguntas que o filho ingenuamente faz. Certamente porque, embora de forma confusa, ainda consideram como coisa suja e vergonhosa a vida sexual.
Para a criança a sexualidade está vinculada às curiosidades básicas, tais como: Como é o meu corpo? Como é o corpo do outro? Como nasci? De que maneira nascem os bebês?
Às vezes, de forma inconsciente, a pergunta da criança faça reviver nos pais o constrangimento que sentiram no passado diante dos próprios pais, a quem não queriam que percebessem este lado secreto da sua sensibilidade.
É este constrangimento que percebemos que deturpa a atitude de quem educa, e impede a verbalização de respostas naturais que tranqüilizariam a curiosidade infantil. São inúmeros os conhecimentos que a criança adquire pelo simples fato de estar viva e perceber o que está acontecendo ao seu redor. A observação favorece descobertas infantis ligadas à sexualidade.
A educação sexual acontece no contexto familiar. E muitos pais preferem não tocar no assunto. Mas é importante saber que o silêncio também é uma forma de comunicação. Outro ponto de conflito para alguns pais é a nudez frente ao filho.
Segundo o sexólogo Marcos Ribeiro, ‘andar nu ou tomar banho com os filhos não é nada demais quando os pais sentem-se à vontade e agem com naturalidade. Comportando-se de tal forma, eles desenvolvem na criança a noção de beleza e do prazer da sexualidade, sem alusão ao pecado ou vergonha. Mas se, ao contrário, ficam constrangidos, devem evitar esta situação. Cada um tem um limite interno, que deve ser respeitado. Caso contrário, querendo forçar a barra, cria-se um clima artificial, como robôs sem roupa. E os pequenos percebem tudo claramente’.
Mas quem disse que são obrigados a se despir, tomar banho com os filhos? Em última análise, é necessário, portanto, saber falar sobre o desenvolvimento da sexualidade sem constrangimento, como se fala sobre qualquer outro assunto, respondendo de forma adequada e espontânea às perguntas formuladas pelas crianças.
Marilandes R. Braga, psicóloga e terapeuta sexual, membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Presidente Prudente-SP)