Sexualidade

Disforia de gênero é diferente de homossexualidade

20 abr 2011 às 19:13

A cada 40 mil pessoas uma nasce menino e terá um problema que será muito difícil para os familiares e o mundo à volta compreender. Esta criança já é um transexual, uma pessoa que sente grande desconforto com o fato de ter um corpo incongruente com o que pensa de si mesma.

Estas pessoas nascem com uma percepção de terem nascido com um defeito físico, com um corpo errado que precisa ser consertado. Mas este não é um problema apenas para esta pessoa. Existe grande dificuldade para os profissionais de saúde atuarem neste campo.


A família não compreende e muitas vezes atua na direção contrária, tentando impedir que o filho se manifeste da forma que lhe soa conveniente. Desde as brincadeiras até as formas de se vestir contrariam o que os pais desejam para o filho.


Muitas vezes a família prejulga, erradamente, que seus filhos são homossexuais. Isto apenas piora o quadro, pois confunde mais o (a) filho (a) que está tentando compreender o que lhe ocorre.


Algumas famílias buscam ajuda com psicólogos ou médicos, que desconhecendo a condição, fazem compreensões erradas da situação problema.


Tanto a criança quanto a família precisam de atenção especializada. Um tratamento psicológico para a família deve acontecer e será prolongado. Será muito difícil para uma mãe ou pai conseguir administrar esta situação sem se sentir culpado de um ''erro'' que deve ter produzido e estes sentimentos negativos atrapalham em muito o caminho que esta criança precisa seguir.


Mas como saber se uma pessoa tem mesmo a disforia de gênero, se é transexual? O método de tratamento é a forma de reconhecer a situação com segurança e auxiliar a pessoa às adaptações que lhe sejam cabíveis e necessárias.


Com o tratamento psicoterápico que seguirá esta pessoa por dois anos os comportamentos e atitudes necessárias acontecerão e a pessoa mesma sentirá a certeza do que precisa e pode fazer para melhorar a congruência com o gênero que vive emocionalmente.


Em paralelo à psicoterapia, um tratamento hormonal ocorre para adequação do corpo e das sensações que acontecem quando hormônios diferentes correm pelo corpo. Uma nova compreensão de mundo irá sendo estabelecida para que o corpo não sofra com as mudanças. O acompanhamento por um endocrinologista, mensalmente, será muito útil.


Também uma avaliação psiquiátrica será efetuada, pois é necessário descartar características psiquiátricas ou efetuar um tratamento destas características quando as encontramos. Adaptações com fonoaudiólogos precisam ser ponderadas e um tratamento para melhoria da voz também deve ocorrer.Então os procedimentos cirúrgicos podem começar.


E somente depois buscamos um advogado que promova o reconhecimento social com a mudança dos documentos e registros legais. As adaptações sociais de trabalho são extremamente importantes e geralmente não puderam ser desenvolvidas com os problemas gerados com o nome incongruente com o visual já existente nestas pessoas.


São muitas adaptações que estas pessoas precisam viver para deixarem uma identidade social inadequada e desenvolverem algo que não sabem como será, mas sonham que possam vir a ser.

Oswaldo M. Rodrigues Junior - psicólogo (São Paulo)


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