Quando a primeira paciente perguntou, ao lado do marido, que cuidados o casal deveria ter para iniciar o sexo anal, mesmo com a experiência em clínica ginecológica, a pergunta exigiu um tempo para ordenar os conhecimentos e atender a paciente da melhor e mais isenta forma. Porque a essência da ética é não usar dos valores pessoais para influenciar ou ditar a conduta alheia.
A liberdade sexual exige esta isenção para que possamos responder às curiosidades e dúvidas, e para que as pessoas tomem decisões e se realizem sexualmente.
Esta liberdade dos casais de perguntarem sobre sexualidade pode transparecer a confiança que depositam no profissional, assim como no crescimento de sua intimidade e criatividade sexual. A presença masculina durante a consulta e o acesso ao exame ginecológico, quando elas permitem, é um avanço e também a expressão da qualidade de vida conjugal.
Quanto ao sexo anal, faz parte do ato sexual de 28,4% dos homens, e de 15% das mulheres, conforme Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, ProSex, publicado em 2004 pela médica e professora doutora Carmita Abdo, da Universidade de São Paulo (USP).
É como um fetiche pela posição sexual, sensação de domínio e de proibição. Para as mulheres, existe em fantasia ou até como aversão. Exige a cumplicidade do casal e intensa excitação, para que a mulher possa estar relaxada e evitar dor na penetração.
É necessário o uso de lubrificantes à base de água, disponíveis em qualquer farmácia. As posições são variadas, sendo a mais anatômica a de bruços sobre um travesseiro alto.
Os receios são referidos quanto ao conteúdo intestinal, que pode ser resolvido com o uso prévio de um mini enema. Quanto ao risco de lesões, do tipo flacidez ou hemorróidas, não são causadas por esta opção sexual quando realizada sem violência.
O uso de preservativos é dispensável quando se pratica o sexo seguro. O prazer pode ser intenso, até pelo nível de intimidade do casal e pela excitação das fantasias associadas e estímulos recebidos.
Mitos e Verdades
- Mito: é um desvio da sexualidade
- Verdade: é uma forma de expressão sexual, desde que praticada de livre e espontânea vontade
Maurílio Jorge Maina, ginecologista e especialista em terapia sexual