Conceitos de vida sexual masculina e feminina são caracterizadas pelo aprendizado social das pessoas, por suas relações com o mundo e cultura. Tendo isso como premissa é muito comum que surjam mitos e crenças estereotipadas e muitas vezes exacerbadas sobre a vida e a atividade sexual.
Quando falamos de disfunções sexuais logo podemos pensar em problemas de caráter físico e muitas vezes demoramos a compreender que o que nos aflige também pode estar além da biologia, ou seja, tudo isso também pode ocorrer por maneiras de pensar e agir em uma relação conjugal e sexual.
Atualmente temos uma proposta sexual exposta na mídia de corpos excepcionais e superpotencializados sexualmente, sem contar nos discursos sexuais perfeitos que surgem em rodas de amigos e amigas.
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Finalmente quando nos deparamos em uma situação que contradiz aquilo que estamos acostumados a ouvir e que conhecemos como ''normal'', começamos a nos questionar e tentar encontrar mecanismos que nos tirem desse sofrimento psíquico que muitas vezes ficam internalizados durante anos por medo da repreensão cultural e social, medo da estigmatização da pessoa enquanto individuo, no medo de fracassar cada vez mais até chegar a uma situação irreparável.
Nessa situação começamos a acreditar em uma possível dessexualização pessoal, às vezes até optando por não mais tentar viver o prazer que a atividade sexual pode proporcionar. Nesse contexto começamos a reforçar mecanismos que podem manter o comportamento disfuncional, como: a antecipação do fracasso, obrigação de satisfazer a parceira, fingir prazer sexual, a necessidade de sempre estar pronto e disposto, não interessa onde, nem quem esteja oferecendo.
Todos os exemplos citados e muitos outros podem contribuir para que a sexualidade seja defasada e que a disfunção se instale cada vez mais angustiante e profundamente.
Mas esquecemos de um pequeno detalhe: a vida sexual deve e pode ser prazerosa. Quando nos deparamos com mitos e crenças, tendemos a nos prender a eles e fazer deles condições imutáveis, regras que devem ser seguidas a todo custo, nem sequer pensamos em questioná-los. Nos colocamos a mercê de uma vida estagnada e sem possibilidades de reaprendizado.
A vida sexual pode ser vivida sem culpa, desde que nossos desejos e ações não interfiram no bem-estar do outro.
Devemos procurar maneiras e mecanismos que possam viabilizar uma vida sexual ativa e, acima de tudo, prazerosa. Se para isso for necessário procurar um profissional especializado, que seja, pois a busca sempre quer dizer novas possibilidades de ver a situação de maneiras diferentes, de reaprender aquilo que por algum motivo tornou-se a única possibilidade.
Não saber, não é motivo para vergonha, vergonhoso mesmo é ter medo de questionar, experimentar e de viver.
Diego Henrique Viviani, psicólogo (São Paulo)