Prolongar o prazer sexual depende, inicialmente e primordialmente, de uma compreensão sobre o funcionamento psico-fisiológico. Nossa forma de ver o mundo e como compreendemos o que chamamos de prazer precisa estar em pauta.
A maioria dos homens acha que prazer é sinônimo de orgasmo/ejaculação. Se este conceito é o que reina, não existirá o prolongar do prazer. Assim é necessário rever os conceitos e cada pessoa discutir consigo mesma sobre o que considera prazer sexual e, sem se enganar, poder driblar estas ordens de encontrar apenas o final de um contato sexual com a ejaculação/orgasmo.
Ainda nesta discussão, o prazer será mais viavelmente prolongado com uma segunda discussão que deve ser sobre o desejo sexual. Como é o desejo sexual e como ele deve se manifestar, e o quanto de energia pretendemos despender a cada dia. Se a quantidade de tempo e energia que pretendemos destinar ao sexo a cada dia for pouco, menos prazer deveremos ter ou produzir. Dedicar energia e tempo para o prazer sexual será o segundo ponto que permitirá que exista um prolongamento do prazer sexual.
Numa segunda fase, em paralelo, precisamos treinar os sentidos para absorver o prazer sexual possível. Treinar os cinco sentidos e a auto-percepção em prol da possibilidade de prazer. Diariamente, em momentos não sexuais, devemos nos treinar e dirigirmos nossas atenções para as sensações que podem trazer prazer e bem estar sensoriais. Observarmos e classificarmos os variados prazeres aos quais estamos expostos diariamente.
Este passo implica em priorizar o auto-conhecimento sobre as sensações. Exige uma dedicação diária por várias semanas. Exige usar momentos comuns com a intenção de encontrar o prazer sensorial que passa despercebido, e com esta valorização existirá o aumento da capacidade de extrair prazer em outras situações. Este treino do corpo, extra sexo, permitirá reconhecer com mais facilidade as sensações de prazer quando elas se apresentarem.
No sexo em si as pessoas precisam pensar e darem-se ordens de ir devagar com todos os passos eróticos e atentarem para as sensações de prazer que chegam através dos cinco sentidos. Não se pode pensar no final, na busca pelo orgasmo.
Separar um tempo previamente prolongado será necessário. Saber que poderão prolongar a atividade é básico. De nada adianta iniciar o sexo com tempo marcado para terminar ou com a preocupação de que devem fazer coisas mais importantes logo após ou no dia seguinte e já é tarde demais para dormir.
Planejar este tempo é básico e necessário. Aqui entra outro aspecto cognitivo: muitas pessoas consideram que o sexo deve ser ''espontâneo'', e pensam que isto significa que não pode ser planejado com antecedência. Sexo somente será prazerosamente e demoradamente espontâneo se planejarmos quando poderá existir sem competir com outras atividades.
Oswaldo M. Rodrigues Junior - psicólogo e terapeuta sexual (São Paulo)