O Ministério da Saúde lançou hoje (24) um plano específico de enfrentamento da aids entre gays, travestis e homens que fazem sexo com homens (HSH). As medidas, discutidas ao longo de vários meses, tentam atender a antigas reivindicações de organizações não-governamentais e barrar uma tendência preocupante: o aumento de casos da infecção entre gays jovens.
Em 1996, relações homo ou bissexuais respondiam por 24,8% da forma de contaminação entre jovens de 13 a 24 anos. Em 2006, esse percentual havia subido para 41,1%. O número de casos provocados em relações heterossexuais também aumentou no período, mas de forma menos acentuada. Em 1996, ela respondia por 21,5% do total de casos entre 13 e 24 anos. Dez anos depois, esse percentual passou para 32,6%.
Além das medidas, serão divulgados cartazes e folhetos feitos para o público gay, que deverá ser distribuído em locais específicos. No cartaz, está estampado a figura de um casal gay se abraçando. Uma versão de folhetos explicativos como se pega ou não aids foi feita para o público gay.
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"A população homossexual tem uma vulnerabilidade 11 vezes maior. E não se viu, nos últimos anos, nada voltado para os jovens. O que todos julgam ser indispensável", afirmou Mário Scheffer, do Grupo pela Vidda. Ele avalia que campanhas gerais de prevenção de aids chegam aos grupos de gays jovens. Mas isso não é suficiente.
"No início da epidemia, havia uma grande militância das ONGs na prevenção em áreas freqüentadas por homossexuais e bissexuais", afirma. Algo que foi se perdendo com o tempo. "Hoje a doença não mobiliza como antes. Há muito menos voluntários, as ações são diferentes."
Entre as propostas feitas por ONGs ao Ministério da Saúde, estava o estímulo do governo federal a municípios para que eles desenvolvessem ações de prevenção voltadas para o público gay. O grupo também sugeriu a contratação de agentes de saúde para atividades de prevenção voltadas a gays.