O mito social leva a este pensamento, mas este julgamento talvez resulte de uma falsa interpretação dos fatos. Por exemplo, crimes passionais cometidos por mulheres ciumentas atraem muita atenção. Isso pode sugerir que as mulheres estão mais sujeitas aos desatinos do ciúme.
Mas na realidade, a cada dez homicídios cometidos por ciúme apenas um ou dois são cometidos por mulheres. Outro pensamento que também leva a crer que as mulheres têm mais razões reais para sentir ciúme é a idéia de que os homens são notoriamente infiéis. Por outro lado, o ciúme da mulher está ligado ao medo do homem se apaixonar por outra.
É evidentemente 'doentio' sentir-se compelido a manter uma ligação que, em vez de oferecer satisfações, aprisiona a pessoa nos tormentos do ciúme. Muitos maridos sentem ciúme das amigas da mulher, assim como muitas mulheres sentem ciúme dos amigos do marido. Em geral esse tipo de ciúme não advém de nenhuma suspeita concreta de infidelidade sexual (que seria cabível apenas se a pessoa rival ou a infiel tivesse orientação homossexual).
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A causa do ciúme provavelmente está ligada à insegurança da pessoa ciumenta: ela sofre ansiedade por sentir-se excluída da ligação afetiva da pessoa amada com alguém. É relativamente comum, por exemplo, que a mulher tenha ciúme da amizade entre o marido e uma companheira de infância ou dos tempos de solteiro.
A mulher sabe que nunca poderá ter papel na história de vida que os dois comungam. Se não estiver convencida de seu próprio valor e da importância afetiva que tem para o marido, a mulher pode sentir-se vagamente ameaçada e ir acumulando hostilidade, consciente ou não, contra o marido, seu amigo ou ambos.
A personalidade da pessoa ciumenta apresenta características de timidez e também relacionada com sentimentos de insegurança. O tratamento do ciúme doentio é possível. Se a origem do ciúme for algum sentimento de inferioridade e de insegurança básica da pessoa, é possível melhorar a confiança dela em si mesma por meio de técnicas de psicoterapia e mediante atitudes corretas de apoio afetivo no meio familiar.
Uma vez reduzido o sentimento de insegurança, talvez ela consiga alívio para a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar pelo fortalecimento da autoconfiança.
Celso Marzano, urologista e terapeuta sexual para o site www.sitemedico.com.br