É certo que o mundo está mudando cada vez mais rápido. Mas nem todas as transformações que vemos no dia a dia são positivas. É comum nas grandes cidades, por exemplo, você entrar num shopping ou em qualquer outro lugar público e ver meninas de seis, sete anos, vestidas como mulheres. Às vezes até meninas mais novas do que isso usando maquiagem e sapato de salto alto. Muitos pais não só permitem como incentivam esta atitude.
Pode parecer ''bonitinho'' num primeiro momento, mas os pais não percebem que esta atitude pode interferir no ciclo natural de amadurecimento das crianças. Para piorar, a vida de algumas crianças parece a de pequenos executivos, com tantas atividades cotidianas que não sobra tempo para brincar ou descansar, o que é muito importante nesta fase da vida. Este amadurecimento impositivo não faz bem.
Outra situação que é preciso se levar em conta é a alta carga de informações eróticas que elas recebem através de programas de TV, propagandas, revistas, internet e outros meios de comunicação. Este excesso de erotização ajuda a provocar um descompasso entre o amadurecimento intelectual e o amadurecimento físico. Eles aceleram o processo mental e glandular. Os pais precisam estar atentos com a saúde de seus filhos.
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Pesquisas realizadas em países da Europa e também no Brasil mostram que a idade média da primeira menstruação nas meninas, no início do século passado, variava entre 14 e 15 anos. Hoje a menstruação chega mais cedo, entre 10 e 11 anos. As pesquisas apontam que o motivo pode estar relacionado aos estímulos comportamentais como a erotização precoce proporcionada pelos meios de comunicação e também às mudanças nos hábitos alimentares.
A alimentação inadequada interfere na formação dos hormônios. Os triglicerídeos e o colesterol são precursores da testosterona e dos estrógenos, que são os hormônios masculino e feminino. No caso dos meninos, por exemplo, a alimentação inadequada na infância provoca aumento de peso. O aumento de gordura na região do abdome esconde parte do pênis dando a impressão equivocada, na maioria dos casos, de que o pênis é menor do que realmente é, provocando desconforto ao garoto.
É importante que os pais e professores tenham esta consciência e percepção. O amadurecimento saudável precisa ser de forma contínua e não aos pulos, sem medo e sem culpa. Não se deve forçar para que as crianças fiquem adultas antes do tempo correto. E do outro lado não se deve ser adolescente a vida toda.
Márcio Dantas de Menezes é médico, palestrante e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual