O álcool está presente na vida das pessoas há milhares de anos. Há indícios de que o vinho ou uma bebida próxima do vinho já era conhecida cinco mil anos antes de Cristo. Pesquisadores descobriram, por exemplo, que por volta de 3.500 anos antes de Cristo, na região da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde é hoje o Iraque, nossos ancestrais consumiam uma bebida à base de fermentação de cereais imersos em água. Esta bebida evoluiu para a cerveja que conhecemos hoje.
Muita gente considera algumas bebidas, como o próprio vinho, afrodisíacas. O fato é que a bebida alcoólica age diretamente sobre o sistema nervoso central, afetando os reflexos. Em pequena quantidade o álcool proporciona uma sensação de relaxamento e até uma certa desinibição. E esta sensação de euforia provocada pela bebida é traduzida por alguns como importante para o relacionamento sexual. É daí que se cria a imagem de que algumas bebidas são afrodisíacas. Algumas bebidas mexem com todos os cinco sentidos: tato, olfato, paladar, audição e visão. O vinho, por exemplo, ajuda a criar um ambiente sedutor, a potencializar o desejo.
Porém, consumido em quantidade, o álcool transforma-se num sério problema. Neste caso, ele funciona como depressor e inibidor do processo fisiológico do ato sexual. O abuso pode acabar com qualquer clima sensual e provocar graves problemas de saúde. Alguns jovens e até mesmo adultos consomem a bebida como se ela fosse um remédio para a ejaculação precoce, já que em pequena quantidade provoca essa sensação de desaceleração, reduzindo o nível de ansiedade.
O álcool também é muito usado pelos jovens que o consideram importante para aumentar a coragem na hora da paquera, da primeira abordagem, do primeiro contato. A bebida alcoólica, consumida sem moderação e com irresponsabilidade pode trazer sérios transtornos para quem a consome. Ela provoca o envelhecimento precoce e compromete a libido e a capacidade de ereção, prejudicando sensivelmente a qualidade de vida sexual do indivíduo.
Uma questão importante que é preciso ser abordada sempre é que os adolescentes depois de ingerirem bebidas alcoólicas ficam mais descuidados com relação ao sexo. Empolgados, muitos deles esquecem de usar preservativo, aumentando muito o risco de contraírem doenças sexualmente transmissíveis. O Instituto Barong, organização que trabalha para a redução da incidência da aids no Brasil, realizou uma pesquisa com 834 jovens entre 13 e 30 anos, a organização encontrou uma estatística que comprova a relação direta entre o consumo de álcool e a diminuição do uso de preservativos. Entre as pessoas que consumiram álcool em diferentes quantidades e tiveram relações sexuais na noite anterior à pesquisa, 73,7% não usaram preservativos, revela a pesquisa.
A propaganda também tem um fator de influência muito grande no consumo da bebida alcoólica porque sempre mostra pessoas consumindo o álcool em situações de grande prazer. O problema é que ela nunca mostra o outro lado. O lado das pessoas que consomem sem moderação e destroem a própria vida e a de seus familiares.
Márcio Dantas de Menezes é médico, palestrante e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual