A acupuntura pode ajudar algumas mulheres a engravidar através da fertilização in vitro, mostra uma nova análise de pesquisas. Mas o verdadeiro benefício da técnica ainda não está claro.
A técnica tem sido usado durante milênios na medicina tradicional chinesa, para uma vasta gama de doenças. Dez anos atrás, um estudo na Alemanha foi o primeiro teste clínico a mostrar que a acupuntura parece melhorar as taxas de gravidez em mulheres que fazem FIV. Mas desde então a pesquisa forneceu diversos resultados.
"Eu digo às mulheres que a literatura ainda não nos convenceu de que a acupuntura ajude a engravidar", diz Frederick Licciardi, líder do programa mente/corpo do centro de fertilidade da New York University.
No centro, mulheres podem optar por sessões de acupuntura, ioga e outros serviços "mente/corpo", mas eles são voltados a reduzir o estresse e promover bem-estar geral - e não o sucesso das taxas de gravidez FIV, diz Licciardi.
Os ensaios clínicos sobre o tema têm sido pequenos e, frequentemente, de qualidade questionável.
No novo estudo, relatado no periódico Fertility and Sterility, pesquisadores chineses combinaram os resultados de estudos anteriores para ter uma ideia do panorama geral. O pesquisador Cui Hong Zheng e colegas do Tongji Medical College avaliaram os resultados de 24 pequenos ensaios clínicos que testavam os efeitos da acupuntura em mulheres que passavam por tratamento de fertilização in vitro.
Os testes variaram bastante: muitos usaram acupuntura com agulhas, outros a chamada eletroacupuntura e alguns incluíram laser acupuntura. Os estudos também variaram no quesito grupo-controle. Em alguns, pacientes de FIV receberam acupuntura e outros nenhum tratamento. Em outros estudos, os pesquisadores usaram placebo acupuntura, por exemplo, estimulando pontos não relacionados à fertilidade, de acordo com a medicina tradicional chinesa.
Os autores descobriram que as mulheres que recebiam acupuntura tinham uma taxa de gravidez levemente superior àquelas que não passaram pelo tratamento - mas as taxas de nascimento não foram mais elevadas.
Porém especialistas apontam que um dos problemas da análise é que ela combinou estudos focados em pontos muito diferentes: diversos tipos de acupuntura, diversos grupos-controle e diversas sessões de acupuntura.
"Eles são muito heterogêneos para generalizar e tirar conclusões", diz Licciardi.
No contexto maior da pesquisa em acupuntura, encontrar um bom controle tem sido um problema. O padrão outro para provar que qualquer tratamento funciona é dividir pacientes em grupos para receber o tratamento ou apenas placebo, sem que nem os pacientes nem os pesquisadores saibam quem está recebendo o quê.
Se um ensaio está testando uma droga, é fácil dar ao grupo controle pílulas de açúcar. Mas com a acupuntura tem sido difícil encontrar uma versão placebo da técnica - que não tenha, ou que tenha efeitos mínimos sobre o organismo, mas que seja suficientemente convincente para que os pacientes acreditem estar recebendo acupuntura.
De acordo com Licciardi, o problema é que ninguém sabe ainda se a acupuntura pode realmente fazer diferença no sucesso da FIV. Mas se uma mulher quer tentar simplesmente para se sentir melhor ou menos estressada, não haveria grande dano.
A acupuntura geralmente é considerada segura, com efeitos colaterais como manchas nos pontos de aplicação das agulhas. O custo varia muito - e pode ou não ser coberto pelos seguros.
"Se a acupuntura ajuda a se sentir melhor e se isso ajuda a passar pelo processo da FIV, então ótimo", diz Licciardi.
Mas por que acupuntura ajudaria a engravidar após uma FIV, ninguém sabe ao certo. Há alguma evidência de que a estimulação das agulhas pode aumentar o fluxo sanguíneo no útero. E pesquisadores pesquisam se a técnica poderia tornar a parede do órgão mais receptiva ao embrião.