Em algumas situações parece não existir melhor remédio do que um doce, não é mesmo? Como em um passe de mágica, uma boa dose de açúcar ajuda a acabar com o estresse, a tristeza e até os sintomas da TPM. Isso acontece porque os quitutes têm o poder de aumentar a glicose no sangue rapidamente e estimular a liberação de serotonina, substância que dá a sensação de bem-estar.
O problema é que abrir a boca e ceder às tentações com frequência pode ser um indício de compulsão. Isso porque, assim como o fumo e a bebida alcoólica, alimentos ricos em açúcar, gordura ou cafeína ativam partes do cérebro que desencadeiam vícios.
Karen Vasconcelos, de 28 anos, sentiu isso na pele. Como sempre foi louca por doces, não percebeu quando isso deixou de ser um gosto para se tornar uma compulsão. "Minha mãe e minhas irmãs começaram a comentar sobre o excesso e isso me irritava. Para não ouvir, comecei a comer escondida, e foi aí que percebi que podia haver algo errado comigo", conta.
A nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), explica que "as principais características são a perda de controle, que acontece com frequência (pelo menos duas vezes por semana), acompanhada, invariavelmente, do sentimento de culpa."
Além do mal-estar pessoal, o consumo excessivo de açúcar causa alterações da glicose no metabolismo, que podem resultar em resistência insulínica, dislipidemias, diabetes, obesidade, aumento do risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica.
Possíveis causas
Karen pensou que a batalha seria fácil de ser vencida, mas estava enganada. "Comecei a me desafiar. Pensava: 'Karen, você vai pegar essa barra de chocolate e vai comer só dois quadradinhos'. Mas era muito difícil. Eu até conseguia, mas passava cada hora do dia pensando naquela barra no armário. Na maioria das vezes, terminava o dia com tudo comido", lembra.
Segundo Marcella, os fatores que desencadeiam o desejo continuado podem ser tanto de origem emocional, como a ansiedade e a depressão, como resultado de alterações metabólicas, hormonais e de neurotransmissores. No caso de Karen, a ansiedade era sua maior inimiga. "Minha mãe fala que eu sofro de ‘véspera’", diz.
Reeducação alimentar
Karen procurou um especialista para entender seu problema e ouviu no consultório, pela primeira vez, que poderia estar doente. "Confesso que fiquei preocupada ouvindo a médica me recomendar terapia por causa da ansiedade, mas eu relutei e decidi que ia controlar isso sozinha".
Ela investiu na reeducação alimentar, substituindo doces e refrigerantes por frutas e sucos de frutas naturais. "A especialista também me aconselhou a fazer esportes, mesmo que fosse uma caminhada pelo bairro todos os dias. Entrei na academia e posso dizer que os exercícios me ajudaram bastante a reduzir a ansiedade", conta.
Se você se identifica com a história de Karen, não precisa se desesperar. Para dar adeus à ansiedade e controlar a compulsão não é preciso dizer adeus às guloseimas. A questão passa por saber quando e o que comer. "Se consumido moderadamente, o açúcar até colabora para o fornecimento de mais energia ao corpo e estimula o metabolismo a produzir serotonina sem prejuízos para a saúde", afirma a nutróloga.
A especialista dá dicas para quem quer se livrar da 'dependência' ou diminuir o consumo de doces. Anote: