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Saúde orienta londrinenses sobre cuidados preventivos com escorpiões em residências

19 fev 2025 às 22:46

O verão é um período de altas temperaturas, dias chuvosos e úmidos. Portanto, nesta época, é necessário redobrar os cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos, principalmente com escorpiões. A Prefeitura de Londrina, através da Secretaria Municipal de Saúde, orienta a população fornecendo informações úteis para que esses cuidados sejam mantidos de maneira adequada. E também informa quais serviços de acesso ao público estão disponíveis para eventuais casos de perigo ou acidentes envolvendo escorpiões.


Com grande capacidade de adaptação e cada vez mais inseridos nos centros urbanos, conforme apontam especialistas, escorpiões têm uma picada que pode ser fatal aos humanos, representando então uma ameaça real. O aumento da incidência dessa espécie nas cidades se deve por aspectos como o aquecimento global, uma vez que temperaturas altas contribuem para a sua reprodução e proliferação, favorecendo a busca de abrigo e alimentação.


DESTRUIÇÃO DA NATUREZA ATRAI PRAGAS URBANAS


A expansão urbana desordenada e destruição de habitats naturais contribuem para maior presença deles, além da escassez de predadores naturais como aves, sapos e lagartos. Além disso, os escorpiões são muito resistentes a produtos químicos utilizados no combate a pragas, o que dificulta a eliminação, e nas cidades ainda encontram redes de esgoto, galerias pluviais e terrenos baldios que são infraestruturas confortáveis para que se abriguem com proteção.


Comumente, gostam de locais escuros e são vistos em espaços como terrenos abandonados ou áreas de vegetação sem manutenção, em cemitérios, barracões, construções, em meio a materiais de construção, entulhos e objetos acumulados, onde encontram esconderijos ideais. No entanto, também aparecem dentro das casas, independentemente da região da cidade, embora em áreas com saneamento básico deficitário a ocorrência seja maior.


VEJA DICAS DE COMO SE PROTEGER DOS ESCORPIÕES


Mário Inácio da Silva, técnico em Vigilância em Saúde Ambiental, com ênfase no combate às endemias, da SMS (Secretaria Municipal de Saúde), deu algumas dicas sobre como evitar o surgimento de escorpiões nas residências. O caminho essencial, segundo ele, são as medidas preventivas que eliminem os locais de abrigo e impeçam a entrada desse animal. Inicialmente, manter a casa e o quintal sempre limpos é fundamental, evitando acumular entulhos, madeiras, tijolos e folhas secas, e controlando insetos como baratas, um dos principais alimentos dos escorpiões. Caixas de papelão e sapatos, entre outras, precisam estar sempre fechadas e em lugares altos.


“É importante vedar pontos de entrada e instalar ralo protetor em ralos internos, bem como telas nas grades de escoamento, especialmente em banheiros e áreas de serviço, além de vedar frestas em portas, janelas e rodapés, buracos em paredes e conduítes elétricos. Outro reforço é instalar protetor de porta e manter janelas fechadas à noite, principalmente, quando os escorpiões costumam sair em busca de comida”, recomendou o profissional.


Outras dicas repassadas incluem utilizar produtos específicos para o controle de baratas e evitar o uso de inseticidas, que podem apenas espalhar os escorpiões em vez de eliminá-los. Em casa, as pessoas podem manter cuidados ao vestir roupas, calçados, luvas e toalhas, verificando se não há escorpiões escondidos. “Evitar encostar camas e sofás nas paredes e manter lençóis e cortinas sem contato direto com o chão são medidas fáceis de se praticar. E caso haja áreas de risco, visitar e inspecionar os quintais, garagens depósitos e jardins, principalmente em épocas mais quentes e úmidas. Também é possível solicitar uma vistoria de profissionais especializados em caso de infestações, mantendo contato com a Vigilância Ambiental para medidas de controle. A adoção dessas práticas reduz significativamente o risco de escorpiões dentro das residências, tornando o ambiente mais seguro”, destacou Silva.


Mais um alerta é quanto ao uso de produtos químicos que não são recomendados para controle de escorpiões, incluindo inseticidas convencionais. As razões elencadas são a baixa eficácia, risco de dispersão e impacto ambiental. “Os escorpiões possuem um exoesqueleto resistente que faz com que sejam menos vulneráveis aos inseticidas vendidos no mercado. Quando expostos a inseticidas, eles podem ficar mais agitados e migrar para dentro das casas, aumentando o risco de acidentes. E estes produtos também podem afetar outros organismos e contaminar o meio ambiente. Mais eficaz que isso é mesmo o controle mecânico e preventivo, sendo o manejo ambiental a melhor estratégia para reduzir a presença de escorpiões”, ressaltou o especialista.


ESCORPIÃO AMARELO


O escorpião amarelo (Tityus serrulatus) é a espécie mais comum nos ambientes urbanos no Brasil, predominante também em Londrina, e se alimenta de insetos, principalmente baratas. Ele é o mais venenoso e o que mais causa acidentes e óbitos no âmbito nacional. Ele se reproduz de forma partenogenética, ou seja, as fêmeas podem dar à luz mesmo sem a presença do macho. Pode chegar a 7 cm de tamanho e fica até 400 dias sem alimento e 30 dias sem água, possuindo sistema sensorial que sente vibrações e sinais químicos.


Ainda consegue ficar longo período sem realizar a troca gasosa, seu sistema de respiração evita perder liquido e ele pode ficar longos períodos submerso na água. Outras espécies também já foram encontradas em Londrina, incluindo o escorpião-preto, o escorpião-amarelo-do-nordeste e o escorpião-preto-da-amazônia.


POR ONDE ENTRAM?


Este animal consegue entrar em residências por pequenos vãos e frestas. E, como são rápidos, os escorpiões se escondem facilmente em locais escuros e úmidos. Nas casas, alguns dos pontos de entrada mais comuns são ralos de banheiro, lavanderias e quintais – especialmente aqueles conectados a redes de esgoto e galerias pluviais. E também adentram os ambientes por frestas em portas e janelas sem colocação adequada, pequenos buracos nas paredes, rodapés e componentes elétricos.


Já em prédios e apartamentos, conforme explicou o técnico da Vigilância Ambiental, Mário Inácio Silva, a entrada de escorpiões é mais comum por tubulações de esgoto e hidráulicas, permitindo a elevação entre andares. “Ralos de banheiros e áreas de serviço, especialmente sem proteção adequada podem ser pontos vulneráveis. E áreas comuns, como garagens e depósitos, também podem servir de abrigo para escorpiões que depois se espalham. Em geral, locais escuros, úmidos e de acesso fácil a alimentos (como baratas) são os preferidos dos escorpiões, tornando essencial a colocação de válvula de retenção nas caixas de passagem das redes de esgoto e pluviais”, citou o técnico em Vigilância e Saúde.


COMO AGIR AO ENCONTRAR UM ESCORPIÃO?


Adotar cautela e segurança para evitar acidentes são as principais recomendações que a Secretaria Municipal de Saúde dá a todos que, porventura, encontrarem um escorpião na residência ou proximidades. O ideal é nunca tentar capturá-lo com as mãos, mesmo que este pareça estar imóvel, já que escorpiões são ágeis e podem picar rapidamente uma pessoa.


Se for inevitável fazer a retirada, o mais adequado é vestir luvas grossas, pinças longas ou uma pá para evitar contato direto. Nesse caso, o escorpião deve ser colocado em um recipiente fechado como, por exemplo, um pote de vidro, para posterior identificação e notificação às autoridades de saúde. Uma forma de eliminação segura, apenas quando for necessário, é utilizar métodos físicos como esmagamento ou mergulhá-lo em álcool ou água sanitária.


O proprietário ou morador da residência, terreno ou outra área pode verificar a presença de outros escorpiões na mesma área. Esta verificação pode ser feita em locais escuros, incluindo partes atrás de móveis, ralos, rodapés e entulhos.



A população pode acionar a Vigilância Ambiental para fazer a busca ativa e obter orientações e receber possíveis ações de controle (ver mais detalhes abaixo).


“É importante ressaltar que escorpiões só picam quando se sentem ameaçados, eles não são animais agressivos, mas se defendem quando acham que estão pressionados ou encurralados. Ele costuma levantar a cauda e abrir as pinças quando percebe perigo, demonstrando estar pronto para reagir. Se o contato continuar, ele aplica uma ferroada, injetando seu veneno. Mas, de forma geral, o escorpião prefere fugir para um esconderijo em vez de atacar”, contextualizou Silva.


O QUE FAZER NO CASO DE PICADA?


No caso de alguém ter sido picado, é essencial e urgente procurar atendimento médico de maneira imediata. Se possível, levar o escorpião capturado para identificação. Agir rapidamente minimiza os riscos, então é necessário manter a calma e lavar o local da picada com água e sabão, sem esfregar ou furar a pele. Tentar adoçar o veneno, cortar o local ou fazer torniquete pode piorar a situação.


Compressas frias utilizando gelo ou pano ajudam a aliviar a dor e reduzir a absorção do veneno. “Uso de álcool ou pomadas caseiras podem causar danos. A pessoa picada deve buscar atendimento médico imediato. Existem picadas que podem causar reações mais graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas alérgicas ou com outras condições de saúde. Os sintomas podem variar, mas costumam agregar dor intensa, formigamento, sudorese, toxicidade e toxicidade cardíaca. Em casos graves, principalmente em crianças, pode ocorrer vômitos, tremores e dificuldades respiratórias, exigindo soro antiescorpiônico”, alertou o técnico em Vigilância e Saúde, Mário Inácio da Silva.


O que jamais pode ser feito, conforme indicou Silva, é aplicar substâncias caseiras no local da ferida, como alho, borra de café ou terra. Também é indicado não consumir álcool ou medicamentos sem orientação médica.


A QUEM RECORRER


O CIATox/Londrina (Centro de Informações e Assistência Toxicológicas), do HU/UEL (Hospital Universitário), é a referência para acidentes com animais peçonhentos, disponibilizando para atendimento o número (43) 3371-2244.


A equipe do setor atende profissionais da área da saúde, população em geral, estudantes e profissionais de outras áreas de atuação de praticamente todos os 399 municípios do Paraná, além de outros estados. Entre as atividades prestadas estão informações diretas ou por telefone em casos de exposição ou intoxicação por substâncias químicas ou toxinas de origem vegetal ou animal, além de disseminar conhecimento técnico-científico promovendo uma educação de base, como forma de prevenir casos de intoxicação em grupos populacionais expostos a substâncias tóxicas.


Porém, o HU não é a porta de entrada por conta da complexidade de atendimentos, sendo que nem todo acidente gera necessidade de soro antiescorpiônico. Adultos devem procurar direto uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), e crianças devem ir direto para o HU, por terem um tempo menor para receber assistência médica, o que aumenta riscos de agravamento, sequelas e óbito.


Atualmente, a Prefeitura de Londrina conta com equipes que realizam a busca ativa em diferentes imóveis, realizando também ações educativas por meio da Mobilização Social (Vigilância Ambiental) com exposição de diversos animais peçonhentos e orientações sobre medidas de prevenção. A Coordenação de Saúde Ambiental e Zoonoses, da Vigilância em Saúde, realiza busca ativa em residência, comércios, terrenos baldios, cemitérios, dentre outros. E presta atendimentos a acidentes com escorpião, aranha, lagarta e serpentes. Ainda promove ações educativas, palestras, feiras de saúde e outros eventos dessa natureza. O contato é 3372-9407. Há também o e-mail londrina.csaz@gmail.com


A recomendação aos munícipes é para, ao entrar em contato com a Vigilância, verificar um horário em que haja um adulto em casa, já que o setor vem tendo dificuldade de encontrar o morador da casa ou o mesmo não atende retornos de ligação.


Dados em Londrina – No município, durante todo o ano de 2024 – janeiro a dezembro – a Secretaria Municipal de Saúde registrou 1.090 notificações relacionadas a escorpiões, das quais 330 referentes a acidentes reportados e verificados. Este foi o ano com maior número de acidentes, conforme levantamento que engloba números de 2007 até 2025. Neste início de ano, 56 acidentes foram computados até agora.


Em 2024, as regiões da cidade com maior índice de notificações foram: Leste (309); Oeste (304); Central (204); Norte (187); Rural (120); Sul (102).


Nos últimos cinco anos, o quadro foi o seguinte em Londrina, referente a casos registrados: 2020 – 82 casos; 2021 – 115 casos; 2022 – 173 casos; 2023 – 211 casos; 2024 – 330 casos.


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