O Paraná confirmou os primeiros casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica, neste domingo (05). Os pacientes são idosos, de 60 e 71 anos, e moradores de Curitiba. Ambos permanecem internados em hospitais da capital.
A confirmação foi possível após análises laboratoriais de amostras de sangue, que identificaram concentração de metanol. Os exames estão sendo realizados pela Polícia Científica do Paraná, a partir de solicitação da Sesa (Secretaria de Saúde do Estado do Paraná).
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Antídoto ministrado
“Cada caso é analisado individualmente pelas equipes médicas, que definem a conduta de tratamento conforme a gravidade do quadro”, informou a Sesa, em nota. Para o homem de 60 anos, que se encontra em estado grave, mas estável, foi indicada a administração de etanol farmacêutico, antídoto para intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde enviou o medicamento neste sábado (04), diretamente ao serviço de saúde onde o paciente está internado.
O caso do homem foi o primeiro suspeito de intoxicação pela substância no Estado. Ele deu entrada em um hospital de Curitiba na última quarta-feira (1º), após sofrer um atropelamento e relatar consumo de bebida alcoólica destilada.
A Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná) intensificou as ações de rastreamento da origem das bebidas e de orientação à população, com a PCPR (Polícia Civil) investigando todos os casos registrados no Estado em parceria com a Polícia Científica.
Na capital equipes da PCPR e da Vigilância Sanitária realizaram uma vistoria no local onde o paciente pioneiro teria adquirido a bebida. Foram apreendidas garrafas suspeitas, que estão sendo analisadas pela Polícia Científica.
Até o momento, a principal linha de investigação aponta que o próprio homem possa ter misturado álcool combustível (etanol automotivo) à bebida que consumiu, o que teria provocado a intoxicação. A PCPR informou que não há indícios de circulação de bebidas adulteradas no comércio, mas que segue apurando todas as possibilidades e eventuais pontos de venda irregulares.
Dores e convulsões
A Sesa notificou o Ministério da Saúde sobre as duas suspeitas seguintes no sábado: o morador de Curitiba, de 71 anos, que já teve a ocorrência confirmada e uma mulher, de 31 anos, residente de Foz do Iguaçu. Ambos fizeram ingestão de bebida alcoólica destilada e apresentaram sintomas compatíveis com intoxicação por metanol, como dor atrás dos olhos e episódios convulsivos.
Internados, o quadro clínico da mulher é considerado leve, enquanto o do homem é grave. A paciente aguarda o resultado de seu exame laboratorial para confirmação ou descarte do diagnóstico. A Sesa pontuou que acompanha o caso junto da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu.
A mais nova suspeita foi informada ao Ministério da Saúde neste domingo. Também em Curitiba, um homem de 36 anos deu entrada em um serviço de saúde no sábado. Após ingerir bebidas alcoólicas destiladas, apresentava sintomas que indicaram possível intoxicação por metanol. O paciente segue internado e sua amostra será enviada para análise laboratorial.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, informou que “logo mais, nesta segunda-feira (06), teremos mais informações”.
Reforço ao estoque
Beto Preto esteve em uma reunião com o Ministério da Saúde na última sexta (03), para verificar se haveria repasse de estoque de ampolas de etanol farmacêutico ao Estado. Na primeira remessa, vinda no dia seguinte, foram recebidas 100 ampolas.
Mais quatro estados que formalizaram o pedido de reforço foram contemplados. Das 580 ampolas no total, foram enviadas 240 para Pernambuco, 90 para a Bahia, 90 para o Distrito Federal e 60 para Mato Grosso do Sul.
Foi anunciada a compra de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol - antídoto mais eficaz e caro - para fortalecer o estoque estratégico do SUS (Sistema Único de Saúde). A previsão, segundo o Ministério da Saúde, é que os materiais aliados estejam disponíveis até o final desta semana.
À FOLHA, na sexta, a Sesa informou que “já iniciou conversas para viabilizar a compra própria desses antídotos”.
Tratamento conforme necessidades
A quantidade de ampolas necessárias para o tratamento de um paciente varia conforme critérios clínicos, laboratoriais e sua resposta à medicação. O protocolo prevê uma dose inicial, chamada de “dose de ataque”, calculada segundo o peso corporal do paciente, e uma dose de manutenção, que pode variar de algumas horas até 24 horas.
“Em um cenário mais grave, por exemplo, um paciente com 100 quilos que necessite de manutenção por 24 horas pode demandar aproximadamente 100 ampolas em um único tratamento”, exemplificou a Secretaria. Assim, não é possível determinar previamente a quantidade exata de antídoto que será usada em cada situação.
Como proceder
Qualquer suspeita de intoxicação deve ser comunicada imediatamente aos (CIATox) (Centros de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná), que orientam os serviços de saúde públicos e privados sobre o atendimento adequado. Em Londrina, que não registra nenhum caso suspeito ou confirmado de intoxicação por metanol, o número para contato é (43) 3371-2244.
A Sesa pediu que os paranaenses redobrem a atenção quanto à procedência das bebidas alcoólicas que consomem, sendo essencial nunca beber produtos de origem desconhecida ou misturar substâncias impróprias para consumo, como álcool de posto.
Até seis horas após a ingestão do metanol, os sintomas incluem sonolência, dificuldade motora e de andar, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, confusão mental, taquicardia e hipotensão. A pessoa deve buscar atendimento médico imediatamente. Entre seis a 24 horas após a ingestão, ela pode sofrer com visão turva, fotofobia, dilatação da pupila, perda da visão das cores, convulsões e coma.
Situação pelo País
Segundo a última atualização do Ministério da Saúde, divulgada no sábado, o Brasil registra 195 notificações de intoxicação por metanol após a ingestão de bebida alcoólica, sendo 14 casos confirmados e 181 em investigação. Do total de casos notificados, 13 resultaram em morte.
* (Com Sesa)