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Ministra da Saúde alerta que Brasil tem 'alto risco' de volta da poliomielite

15 jun 2023 às 18:18

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta quinta-feira (15) que o Brasil precisa reforçar sua cobertura vacinal para evitar que doenças que não estavam mais em circulação, como a poliomielite, voltem a atingir a população.


Em sessão para celebrar o Dia Nacional da Imunização, no Senado, ela afirmou que o quadro de vacinação se agravou nos últimos quatro anos e que reverter este cenário é prioridade de sua gestão.


"Não temos ainda essa força que precisamos ter [na cobertura vacinal], e o Senado é fundamental, para que a vacinação volte a ser um orgulho do nosso país, como já foi", disse.


Trindade também comemorou a volta da condicionante de imunização para crianças e jovens dentro do programa Bolsa Família e disse que, no cenário atual, a poliomielite é considerada como com "alto risco" de retorno à circulação.


"Essa baixa das coberturas vacinais se agravou nos últimos quatro anos", afirmou. "Por isso, infelizmente o Brasil passou a fazer parte da lista de países de alto risco para reintrodução de doenças que estavam eliminadas do ponto de vista da circulação dos agentes e vírus que as causavam", completou.


Como estratégia neste flanco, o Ministério da Saúde tenta se aproximar de líderes religiosos para que eles divulguem entre os fiéis a importância da imunização contra o coronavírus.


A medida integra os esforços do governo para intensificar a cobertura no país, que desperta preocupações na cúpula da pasta.


A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Saúde tem entre suas prioridades reverter anos de campanha antivacina do governo de Jair Bolsonaro (PL). A pasta também planeja intensificar os investimentos em comunicação e vem cobrando dos secretários de estados e municípios mais resultados na área.


A necessidade de envolver lideranças religiosas na campanha de imunização já foi abordada pelo próprio Lula ainda na transição. Ele se referiu ao assunto ao cobrar a responsabilização de quem propagou fake news sobre a vacinação.


De acordo com documentos obtidos pela Folha de S.Paulo, o Ministério da Saúde tem expressado aos estados e municípios preocupação com a redução de pedidos de entrega de doses e com os estoques de vacinas.


Os dados mostram baixo percentual de crianças que receberam as duas doses de Covid-19. Em ofício de 19 de abril deste ano, o ministério comandado por Nísia Trindade ressaltou que nenhum estado apresentava mais de 30% do grupo de crianças com idades entre 6 meses e 4 anos vacinada com as duas rodadas.

Também a Saúde quer ajuda de clínicas privadas para recuperar coberturas vacinais.


De acordo com Eder Gatti, secretário do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), em evento no último dia 8, o governo não pode fechar os olhos às doses que são aplicadas na rede privada de vacinação.


"Quando o Ministério [da Saúde] faz o cálculo de cobertura vacinal de meningite meningocócica C [ofertada no SUS], não pode ignorar todas as crianças que são vacinadas na rede privada com a vacina meningocócica ACWY [que inclui os sorotipos A, W e Y, não disponíveis na rede pública]. Em outras palavras, para o Ministério da Saúde interessa saber qual a proporção da população protegida e da população suscetível porque essa é uma das vigilâncias que fazemos", disse Gatti.


As clínicas privadas de vacinação inseriam, até 2015, os dados de doses aplicadas em um sistema chamado SI-PNI Rotina, enquanto os dados de aplicação na rede pública eram inseridos no SI-PNI. Nos últimos anos, porém, a pasta da saúde tentou migrar os sistemas de inserção de dados de doses aplicadas, processo que foi acelerado durante a pandemia da Covid.Agora, todos os dados de vacinação do PNI constam do sistema RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde). A ideia é que as clínicas privadas também tenham os dados migrados, através do SI-PNI e que, aos poucos, essa integração também seja feita com a RNDS.


De acordo com o secretário, o setor privado precisa aderir ao sistema de informação unificado, mas ele reconhece que há desafios, como a falta de padronização das informações e os sistemas que não eram integrados no passado.

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