O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira (12) que investiga se o país pode ter registrado casos de coronavírus antes da primeira confirmação oficial da doença, ocorrida em 26 de fevereiro.
A apuração ocorre após a pasta receber registros de 39 casos de síndrome respiratória aguda grave ocorridos antes dessa data em nove estados, e que tiveram confirmação laboratorial para a Covid-19.
A pasta, porém, diz que irá verificar agora se os registros estão corretos, feitos por investigação retrospectiva, ou se houve um possível erro de digitação.
No início de abril, a pasta chegou a informar que tinha identificado um caso da doença ainda em janeiro em Minas Gerais. Menos de um dia depois, voltou atrás e corrigiu a informação, alegando que o caso ocorreu em março e houve falha nas informações enviadas.
Um ofício foi encaminhado nesta terça (12) para secretarias de saúde onde os casos foram registrados. Entre eles, há casos apontados como de janeiro deste ano, afirma o secretário de vigilância em saúde substituto, Eduardo Macário.
"Esses 39 casos foram identificados no sistema de informação nacional. Estou encaminhando esse ofício para que façam uma investigação detalhada se [o paciente] teve sintomas antes do dia 26, para entender com dados reais, ou se trata de um erro de digitação. São milhares de dados digitados diariamente e um erro pode acontecer", afirmou.
Ele frisa que, até o momento, a data do primeiro caso confirmado permanece como 26 de fevereiro. O registro foi de um paciente atendido em São Paulo após voltar de viagem à Itália.
Para Macário, a possibilidade de erro não pode ser descartada devido ao aumento no volume de registros da doença no país.
Em estudo divulgado nesta segunda, a Fiocruz apontou que a circulação do novo coronavírus começou na primeira semana de fevereiro, mais de 20 dias antes do primeiro caso ter sido diagnosticado e do Carnaval.
Para investigar o início do surto, o ideal é contar com um volume representativo de genomas dos vírus encontrados em amostras de pacientes. No entanto, essa metodologia não pôde ser aplicada em função do curto espaço de tempo desde o início da pandemia e da quantidade limitada de genomas disponíveis.
Assim, os pesquisadores desenvolveram um novo método, utilizando os registros de óbitos para identificar o início da transmissão, como um rastreador "atrasado". Isso porque o tempo médio entre a infecção e a morte por Covid-19 é de cerca de três semanas.
De acordo com a Fiocruz, outras evidências também indicam que a transmissão local do vírus no país começou no início de fevereiro. Segundo o InfoGripe, sistema da Fiocruz que monitora as hospitalizações de pacientes com síndrome respiratória aguda grave, análises moleculares detectaram um caso de infecção pelo novo coronavírus entre 19 e 25 de janeiro. Já o aumento sustentado no número de infecções foi observado entre os dias 2 e 8 de fevereiro.