A Santa Casa de Santos, maior hospital da Baixada Santista, teve nos últimos dias aumento expressivo no total de internados com Covid-19. Entre quinta-feira (12) e segunda (16), o hospital registrou 67 pessoas nos leitos de internação, mesma marca de 31 de julho, há quase quatro meses.
Nesta terça-feira (17), o cenário se agravou e o número de internados chegou a 74, superando inclusive a média de julho (68), quando a pandemia estava em alta.
O cenário registrado em Santos se repete em grandes, médias e pequenas cidades do interior de São Paulo, que veem o total de internados ou de casos do novo coronavírus crescerem nos últimos dias.
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A taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no estado tem apresentado crescimento contínuo. No dia 5, estava em 39,4% em São Paulo, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, índice que uma semana depois chegou a 41,2%. No domingo (15), alcançou 41,9% e, na terça, 42,7%.
Nas últimas 24 horas, segundo a Prefeitura de Santos, voltou a subir o total de pessoas com sintomas da Covid-19 internadas na rede hospitalar local.
Fábio Ferraz, secretário de Saúde de Santos, disse que a alta nas internações em leitos de UTI se intensificou em novembro, após meses de estabilidade.
"Esse dado dos leitos de UTI nos preocupa porque começou a subir em novembro. Hoje temos 265 na cidade, com ocupação de 125, ou 47%", disse Ferraz. Em setembro e outubro, a média era de 70 pessoas nos leitos de emergência.
Na segunda, eram 274 pacientes, total que subiu para 281 nesta terça, dos quais 155 moram em Santos e 126 em outras cidades. Em leitos de UTI estão internados 125 pacientes.
A taxa de ocupação dos 645 leitos exclusivos para a doença está em 47%, mas na rede privada já há um hospital privado que alcançou 100% em leitos clínicos, enquanto em outros dois o índice supera 90%. Na rede pública, a ocupação dos leitos de enfermaria é de 22%.
Ferraz pondera que em um primeiro momento houve maior condição de isolamento social das pessoas com condição econômica mais favorável, com as periferias da cidade tendo mais contato com o vírus e concentração menor da Covid-19 em bairros mais nobres.
"Agora, percebemos evolução mais expressiva em bairros mais centrais e com condição econômica melhor", disse o secretário, explicando as condições distintas dos leitos de hospitais privados e públicos.
Entre os 265 leitos de UTI, o índice é o mesmo, 47% de ocupação, mas na rede particular atinge 64%. Conforme a prefeitura, em dois hospitais privados não há leitos Covid-19 em UTI disponíveis.Santos chegou a 24.157 casos confirmados da doença, com 740 mortes confirmadas.
Já em Araraquara, na região central do estado, começou a vigorar nesta terça decreto da prefeitura que prorroga até 31 de dezembro o estado de calamidade pública no município, que chegou a 6.085 casos, com 73 mortes.
Conforme integrantes do Comitê de Contingência do município, o total de casos começou a crescer devido ao feriado prolongado de Finados, no último dia 2.
A média móvel de casos dos últimos sete dias é de 41 e há 42 pacientes internados na cidade, dos quais 13 em leitos de UTI. Do total de internados, 12 são de cidades vizinhas, que foram transferidas para unidades hospitalares do município.
Em cidades menores, os casos também têm gerado preocupação, como em Jaboticabal. O prefeito José Carlos Hori (Cidadania) disse, na live diária que faz sobre a doença, que o crescimento dos casos em hospitais privados da capital tem gerado preocupação.
"Isso tudo nos remete a uma nova preocupação. Se isso vai chegar de novo, com a força que vai chegar, quando é que isso vai chegar para nós. Que isso não sirva para alarde, que não sirva para desespero, mas sirva de precaução, prevenção, para cada um de nós", disse.
A cidade de 77 mil habitantes tem 1.220 casos confirmados da doença, com 56 óbitos, e sem tendência de queda em novembro.Em outubro, foram registrados 251 casos e, em 17 dias de novembro, 154 –média ligeiramente superior neste mês.Hori ainda citou a preocupação com as festas de final de ano e disse que os números precisam ser contidos.
Já Batatais, cidade de 63 mil habitantes no interior, chegou a mil casos da Covid-19 nesta terça, com crescimento na média nas duas últimas semanas, segundo a secretária da Saúde, Luciana Nazar.
"Na capital, e já aparecendo aqui no interior, está havendo aumento do número de casos", disse ela em vídeo.A média diária de casos passou de pouco mais de 3 para 5. Há 3 internados, um na UTI. No total, 28 pessoas morreram na cidade.
Em Ribeirão Preto, foram desativados 115 leitos de UTI em hospitais públicos e privados e a ocupação segue baixa, mas o número de pacientes internados cresceu nos últimos dias.
O total pacientes chegou a ser inferior a 50 nas UTIs, mas dos atuais 135 leitos, 53 estão uso, sendo 31 em hospitais públicos e filantrópicos e 22 em unidades privadas.Desses pacientes, 40 necessitam de respiradores. Contabilizando pacientes de enfermarias, havia 116 internados na cidade na tarde desta terça.
Mesmo onde não há crescimento de casos, o cenário é preocupante, como em Franca. Embora tenha registrado uma ligeira queda na média móvel de casos e mortes, a situação não é confortável, conforme o diretor da Vigilância Sanitária, Felipe Granzotti.
Com um óbito registrado nesta segunda, o total de mortes na cidade chegou a 197, para um total de 8.545 casos confirmados do novo coronavírus.
Há 22 pacientes internados em UTIs públicas e particulares, para um total de 72 vagas.
"Não significa que estamos numa situação tranquila e muito menos que as pessoas podem levar uma vida normal, pelo contrário. Já tivemos 180 casos diários e temos mantido entre 35 e 40, mas isso pode enganar e um relaxamento faz voltar tudo de novo. O vírus está em circulação", afirmou.