A dose de reforço da vacina contra o novo coronavírus aumenta a proteção e ainda ajuda na proteção contra as variantes Delta e Ômicron, conforme estudo conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Minas, divulgado nesta sexta-feira (8). A pesquisa aponta que a imunização é importante mesmo para quem já teve a infecção, já que confere uma imunidade superior àquela gerada apenas pela doença.
No período de um ano, pesquisadores acompanharam um total de 1.587 pessoas para observar as reações à vacina. O foco era em quem tomou a primeira e a segunda dose de CoronaVac e a terceira, ou dose de reforço, da Pfizer.
Nos resultados, os pesquisadores concluíram que, seis meses após a aplicação da segunda dose, o nível de anticorpos presentes no organismo cai. No entanto, com a dose de reforço, a proteção é restabelecida. As análises mostraram que a taxa de soropositividade passou de 98%, depois de 30 e 60 dias da aplicação da vacina, para 69%, no período que compreendeu de 91 a 180 dias após a imunização. No entanto, com a aplicação do reforço da Pfizer, os índices foram restabelecidos, chegando a 100% de soropositividade 15 dias após a aplicação.
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Em relação à variante Ômicron, a pesquisa demonstrou que, 30 dias após a segunda dose, a CoronaVac gerou anticorpos neutralizantes em apenas 17% dos analisados. A porcentagem caiu para 10% 60 dias depois da segunda dose. Porém, com a dose de reforço da Pfizer, o número de amostras que apresentaram anticorpos neutralizantes contra a Ômicron foi a 77% dos pesquisados. No caso da variante Delta, as duas doses de CoronaVac foram efetivas e a proteção aumentou com a dose de reforço.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Rafaella Fortini, os dados são claros e mostram a importância da resposta gerada pela CoronaVac e como esta resposta imune se torna ainda mais forte e robusta quando a dose de reforço da Pfizer é introduzida.
Redução dos casos
O estudo também mostrou uma redução de casos de Covid-19 entre os vacinados. Antes da imunização, entre os 1.587 participantes, um total de 247, ou seja, 15,6%, havia testado positivo e, desse número, 136, ou 8,6%, foram diagnosticados com Covid-19 longa. Após a vacinação, apenas 75 (4,7%) testaram positivo, dentre os quais somente 5 (0,3%) tiveram covid-19 longa.
Os participantes que tiveram Covid-19 antes de se vacinarem apresentaram índices de anticorpos superiores após tomarem a vacina, o que, conforme a pesquisa, mostra a importância da imunização mesmo entre aqueles que já tiveram a doença.
Quanto aos efeitos adversos, 325 pessoas tiveram alguma reação após a aplicação da CoronaVac e 391, da Pfizer. Nos pesquisados, a reação mais comum foi dor de cabeça e dor no local da injeção. Diarreia, corrimento nasal, febre, mialgia e prostração foram relatados.
Para Fortini, todos os participantes se recuperaram e nenhum evento adverso grave foi registrado. “Assim, reforçamos a segurança e a efetividade dessa combinação de duas doses de CoronaVac e uma dose de reforço com vacina da Pfizer, com a manutenção de uma resposta imune de anticorpos e de células efetiva contra o Sars-CoV-2. Vacinas que são importantes de serem mantidas pelo Programa Nacional de Imunizações”, afirma.
A pesquisa foi feita com trabalhadores do Hospital da Baleia e Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos em Belo Horizonte (MG). Os participantes tinham idades de 18 a 90 anos - média de 39 anos. A maioria, 76,1%, eram mulheres, e 28,8% relataram ter alguma comorbidade, como hipertensão, obesidade, asma e diabetes.