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EUA investigam se produto usado em fertilização in vitro causou morte de embriões

Cláudia Collucci - Folhapress
11 jan 2024 às 17:15

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- Agência Petrobras
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Uma empresa multinacional de produtos usados em FIV (fertilização in vitro) que atua em 24 países, entre eles o Brasil, está sendo processada nos Estados Unidos sob acusação de comercializar meios de cultura supostamente contaminados que teriam causado a morte de embriões em estágios iniciais de desenvolvimento.


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As ações contra a CooperSurgical, subsidiária da Cooper Companies, tramitam no Tribunal Superior de Justiça da Califórnia, em Los Angeles (EUA). No Brasil, grupos de médicos vêm discutindo o assunto em aplicativos de mensagens.

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Segundo as autoridades sanitárias dos EUA, o caso está sendo investigado e não se sabe ainda a extensão do problema. A empresa recolheu voluntariamente lotes do produto no fim do ano passado para análise.

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De acordo com Camila Madaschi, responsável técnica pela Global Vita, que representa a CooperSurgical no Brasil, o meio de cultivo suspeito (solução Global Media) não é vendido no país. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou que, embora a empresa tenha produtos licenciados no Brasil, não há registro do meio de cultura que está sob suspeita.


Na FIV, a mulher recebe hormônios para produzir vários óvulos. Eles são extraídos e fertilizados com espermatozoides no laboratório, formando os embriões. Os meios de cultivo são soluções salinas com adição de componentes como carboidratos (piruvato, lactato e glicose) e aminoácidos, que simulam o ambiente das trompas de Falópio.

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Os embriões são colocados nessa solução até o estágio de blastocisto (cinco a sete dias após a fecundação). Só depois disso é que são transferidos para o útero.


A investigação sobre os meios de cultura da CooperSurgical começou em dezembro de 2023, após denúncia de um casal que passou por uma FIV. De acordo com o processo judicial, foram produzidos 34 embriões no processo de fertilização, que, após serem colocados no meio de cultura, pararam de se desenvolver.

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O resultado foi considerado estatisticamente improvável pela clínica, e o diretor do laboratório iniciou uma investigação. Embriologistas de outras clínicas teriam relatado problemas semelhantes. Em comum, todos haviam usado o mesmo meio de cultura da CooperSurgical.


Os embriologistas emitiram então uma carta formal à empresa, informando-a de que o meio de cultura havia causado uma "perda inexplicável de embriões". Em resposta, a empresa fez o recolhimento voluntário de lotes do meio de cultura.

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"Após esse recall tardio, os requerentes souberam [por meio] da sua clínica de fertilidade que seus embriões em desenvolvimento foram mortos devido à contaminação por meios de cultura defeituosos e tóxicos", diz trecho do processo.


A ação alega que a empresa não testou ou inspecionou adequadamente o produto antes de produzi-lo e vendê-lo para uso em clínicas de fertilidade.

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Em outro processo judicial, ingressado na semana passada, dois casais de Los Angeles relataram situação semelhante. "Os embriões pararam de crescer repentinamente ou tornaram-se inviáveis logo após serem criados", disse o advogado Adam Wolf, que os representa, em entrevista a jornalistas em Los Angeles.


Segundo Wolf, a CooperSurgical fez o recall de pelo menos três lotes dos seus meios de cultura de embriões, mas não emitiu nenhuma declaração pública sobre a medida, não avisou os casais prejudicados e tampouco indicou a escala do problema.

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Em nota distribuída à imprensa na última quinta-feira (4), a empresa informou que, embora não possa opinar sobre litígios em andamento, "a qualidade e a conformidade são partes fundamentais do valor que oferecemos aos nossos clientes".


A CooperSurgical disse ainda que emitiu o recall "para resolver proativamente qualquer possível problema com nossos produtos enquanto continuamos a investigar".


De acordo com Alvaro Pigatto Ceschin, presidente da SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), várias clínicas brasileiras utilizam produtos da CooperSurgical e não há relatos de problemas.


Ele diz que as informações disponíveis até o momento não são suficientes para uma compreensão médica detalhada da situação.


Para Artur Dzik, diretor de reprodução assistida do Hospital da Mulher, será necessária uma investigação muito minuciosa para se estabelecer uma casualidade entre o meio de cultura e a morte dos embriões.


Ele afirma que o desenvolvimento embrionário na FIV depende de vários fatores, entre eles, a biologia do casal e a qualidade do laboratório. "Uma variação de temperatura, por exemplo, já pode ser prejudicial."


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