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Causas ainda desconhecidas

Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla: entenda a doença neurológica com maior prevalência entre mulheres

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
30 ago 2023 às 09:53

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A EM (esclerose múltipla) é uma doença neurológica, crônica e autoimune, em que as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares. A data de 30 de agosto é o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla.


Conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a EM afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo, das quais 40 mil somente no Brasil, principalmente mulheres entre 20 e 40 anos. 

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As causas ainda são desconhecidas, no entanto, estudos indicam que é desencadeada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

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Para desmistificar o assunto, a neurologista Mayra Magalhães Silva, do Hospital Dia Campo Limpo, unidade administrada pelo Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, comenta o assunto, explicando o que é a esclerose múltipla, seus sintomas e as principais formas de tratamento.

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O que é a esclerose múltipla? 


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Uma doença neurológica autoimune crônica, provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina, que reveste e protege as células nervosas. Na esclerose múltipla, o próprio corpo ataca essa bainha, uma vez que os anticorpos do próprio paciente a confundem  com um agressor (um micro-organismo externo como uma bactéria, por exemplo). Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. 


Quais os tratamentos que o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece para a doença? 

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Ainda que seja uma doença sem tratamento curativo, existem duas abordagens disponíveis no SUS: tratamento agudo do surto da doença e tratamento crônico da doença para evitar novos surtos e sequelas de inflamação.


1) Tratamento agudo: o paciente procura o pronto-atendimento, onde pode ser devidamente diagnosticado e receberá o tratamento intravenoso com corticoides para conter a inflamação;

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2) Tratamento crônico: assim que recebe o diagnóstico, pode dar início ao tratamento com medicações que têm mecanismo imunológico específico para conter novas inflamações da doença. Essas medicações são conhecidas como medicações “modificadoras da doença” e são oferecidas gratuitamente aos pacientes pelo SUS através da Farmácia de Alto Custo. O objetivo principal desses medicamentos é frear a atividade e, dessa forma, evitar ou reduzir a incapacitação e as sequelas permanentes.


O atendimento multidisciplinar (com fisioterapia, terapia ocupacional e fisiatra) também é fundamental para os pacientes, por se tratar de uma doença ainda sem cura. A avaliação das condições psicológicas também deve fazer parte do atendimento regular das pessoas com esclerose múltipla.

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Quais são os sintomas? E quais podem servir de alerta para buscar o serviço médico? 


Alguns locais no sistema nervoso podem ser alvo preferencial da desmielinização (danos à mielina ao redor dos nervos), característica da doença, o que explica os sintomas mais frequentes: o cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. Sendo assim, os sinais e sintomas mais comuns incluem baixa acuidade visual súbita de um dos olhos, visão dupla, dormência, formigamento, vertigem, nistagmo, fraqueza dos membros, desequilíbrio ao andar, incontinência e retenção urinária. Atenção, por isso, para alterações visuais e para fraqueza em algum membro, que ocorreram de forma súbita e que podem indicar sintomas iniciais de esclerose múltipla. Esses devem ser avaliados devidamente por um neurologista.

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Como é feito o diagnóstico? Existem dificuldades de realizá-lo de imediato?  


Para o diagnóstico da esclerose múltipla, são utilizados os Critérios de McDonald de 2017, que consideram vários aspectos clínicos e de imagem, associado à análise do líquor LCR (líquido cefalorraquidiano), material extraído por uma punção na coluna lombar, com a pesquisa de marcadores específicos. A RM (Ressonância Magnética) de crânio e coluna (medula espinhal) é a principal ferramenta para o diagnóstico das doenças desmielinizantes do sistema nervoso central. A principal dificuldade para o diagnóstico é que, muitas vezes, os sintomas são confundidos com outras doenças, como AVC (Acidente Vascular Cerebral) e distúrbios psiquiátricos. Isso decorre do fato de, muitas vezes, o paciente iniciar sintomas inespecíficos e desconhecer a existência de doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla. A demora no diagnóstico acaba tendo um impacto muito negativo no paciente. Por isso, diagnosticar a EM precocemente faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maior a chance de modificar o curso natural da doença em longo prazo – reduzindo o número de surtos, lesões e sequelas neurológicas. 


Existem fatores que podem potencializar o aparecimento da doença em certas pessoas?  


A doença atinge, geralmente, pessoas jovens, em média, entre 20 e 40 anos, predominando entre as mulheres.  As causas envolvem predisposição genética (com alguns genes já identificados que regulam o sistema imunológico) e combinação com fatores ambientais, que funcionam como “gatilhos”:


- Infecções virais (vírus Epstein-Barr)


- Baixa exposição ao sol e sua consequente baixa de vitamina D


- Exposição ao tabagismo


- Obesidade


- Exposição a solventes orgânicos


Esses fatores ambientais são considerados na fase da adolescência, um período de maior vulnerabilidade.


Pesquisas indicam que a esclerose múltipla atinge mais mulheres do que homens. Por que?


Assim como todas as outras doenças autoimunes, a esclerose múltipla tem, sim, maior prevalência em mulheres. Essa diferença, em princípio, ocorre devido a fatores hormonais envolvidos na modulação do sistema imunológico. Uma outra evidência para esse quadro é o fato de as mulheres apresentarem índices mais baixos de vitamina D do que os homens, o que leva à maior incidência da doença, uma vez que a deficiência desta vitamina no organismo leva ao aumento da capacidade inflamatória das células do sistema imunológico.


Como as mulheres, especificamente, podem cuidar da saúde para se prevenir contra a esclerose múltipla?

Ter uma alimentação saudável e hábitos de vida saudáveis, com prática de atividade física (se possível, ao ar livre para melhorar a exposição solar e o ganho de vitamina D), é a melhor forma de prevenir qualquer doença neurológica. Manter a vacinação em dia, principalmente durante a fase de infância e adolescência, ajuda a prevenir infecções virais que podem acabar sendo gatilho para desenvolver doenças autoimunes no futuro. Conversar com seu médico habitual sobre a necessidade de reposição de vitamina D e cálcio, principalmente no período após a menopausa, uma vez que após este período há uma queda natural tanto de cálcio quanto de vitamina D no organismo.


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