A doença que ocorre quando o sistema imunológico do nosso corpo ataca seus próprios tecidos e órgãos é considerada uma condição autoimune. O lúpus é capaz de atingir diversos sistemas do corpo, causando inflamações nas articulações, pele, rins, coração, pulmões, cérebro, coração e células sanguíneas. Nos casos mais graves, a doença pode levar seu portador a ficar debilitado ou até vir a óbito. Apesar de não existir uma cura para a condição, o tratamento é uma alternativa eficaz para o controle da doença e para amenizar os seus sintomas.
“Por ser pouco conhecida entre as pessoas, o lúpus é uma doença difícil de ser diagnosticada, porque seus sintomas podem variar consideravelmente de paciente para paciente, como a perda de peso, mal-estar generalizado, febre, queda de cabelo, sensibilidade à luz, dor abdominal, entre outros sinais semelhantes a uma virose ou outros tipos de patologias”, explica, Amilton Macedo, dermatologista que atua na área de medicina preventiva há mais de 28 anos.
Leia mais:
Primeiros casos de Mpox são confirmados em Londrina
Novas vacinas contra tuberculose esbarram em subfinanciamento de pesquisas
Infarto pode ser confundido com ataque de pânico?
Inscrições gratuitas para palestra com Drauzio Varella no Paraná estão abertas
Existem quatro tipos de lúpus. No entanto, o lúpus eritematoso é o tipo mais comum e grave da doença entre as pessoas, atingindo múltiplas partes do organismo como as articulações, pele, cérebro, pulmões, coração, rins e vasos sanguíneos; caso não seja tratado adequadamente e a tempo, pode acarretar diversas complicações. Já os outros tipos de Lúpus são: discoide ou cutâneo, neonatal e o induzido por medicamentos.
“O lúpus discoide ou cutâneo, se restringe a apresentar lesões vermelhas, arrendadas e descamativas pela pele nas regiões do couro cabeludo, rosto, cervical e tronco. Já o neonatal é um dos tipos de lúpus mais raros que existe, é causada pela passagem de anticorpos da mãe para o recém-nascido através da placenta, durante a gestação”, explica Amilton.
O dermatologista ainda completa que, por o lúpus atingir a maioria das mulheres nesse período, elas apresentam os anticorpos da doença no sangue. “Assim, o feto pode se desenvolver com o surgimento de lesões cutâneas fotossensíveis, alterações hepáticas, hematológicas, ou até mesmo, cardíacas. Além disso, existe o lúpus induzido pelos medicamentos, que ocorre quando há um consumo prolongado de medicamentos como a hidralazina, procainamida ou isoniazida, provocando uma inflamação temporária na pele e desaparecendo poucos meses após a interrupção do uso de medicamentos”, explica.
De acordo com estudos publicados, pesquisadores internacionais encontraram uma mutação no gene TLR7, que detecta o RNA viral como um possível causador do lúpus. A doença autoimune, que atinge celebridades como Lady Gaga, Selena Gomez, Astrid Fontenelle, Kim Kardashian, Toni Braxton e Seal, vem sendo estudada por especialistas há anos. Em busca de uma causa concreta, a teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na causa dessa condição de pele, mas principalmente quando há predisposição genética e a utilização de alguns medicamentos.
“A doença atinge uma a cada 1.700 mulheres no Brasil, principalmente em idade fértil, em que são até nove vezes mais acometidas que os homens. Acontece porque, nessa fase, a produção de hormônios responsável por formar o estrogênio exerce um papel importante na patogênese da doença, pois o lúpus é resultado de uma combinação de fatores, como hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais. Além disso, pessoas com predisposição à doença podem desenvolver o lúpus ao entrar em contato com algum elemento do meio ambiente capaz de estimular o sistema imunológico a agir de forma errada, como a exposição à luz solar”, ressalta o dermatologista.
Segundo o médico, para o diagnóstico da doença, é necessário a realização de exames e análises de sangue e urina, exame físico, hemograma completo, radiografia do tórax, biópsia renal, recolhimento do histórico clínico da pessoa e, em alguns casos, o levantamento de antecedentes familiares - além de outros testes laboratoriais que podem confirmar a presença de anticorpos anti-Sm e anti-DNA, elementos que são específicos da doença. Dessa forma, não existe nenhuma análise específica para diagnosticar o lúpus, pois é através da combinação de testes de sangue e urina com os sintomas encontrados nos exames físicos que conduzem ao diagnóstico da doença.
“O tratamento é realizado de forma individual, pois é analisado o grau de severidade da doença e quais órgãos foram atingidos. O uso de corticoides, hidroxicloroquina e imunossupressores podem contribuir na busca pelo controle e remissão do quadro. Já para prevenção de novos surtos, o paciente deve fazer o uso correto das medicações prescritas pelo especialista, evitar a alta exposição solar, o uso de tabaco, diminuir o consumo de alimentos ricos em açúcar (como refrigerantes, bolos, e sorvetes) e alimentos ricos em gordura (como frituras, biscoitos e pizzas), pois esses alimentos tendem a favorecer a inflamação do organismo”, recomenda Amilton Macedo.
Adotar hábitos saudáveis de vida também são medidas que podem e devem ser adquiridas para realizar o tratamento do Lúpus, como uso de protetor solar com fator superior a 30 mesmo em dias nublados, a realização de exames para o controle da doença e ter consultas frequentes com um especialista.