Em sete anos, a frequência de adultos que dirigem após o consumo abusivo de álcool foi reduzida em 45%, segundo dados de um estudo do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (6). O índice passou de 2% em 2007, para 1,1% em 2013.
A redução mostra uma mudança significativa nos hábitos da população após a aprovação das duas edições da lei seca (2008-2012), tornando mais rígida a proibição do consumo de álcool associado à direção.
Os dados são da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde, que entrevistou 52,9 mil pessoas maiores de 18 anos durante o ano de 2013.
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A coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, explica que a redução significativa pode ser atribuída ao rigor da legislação, implantada pelo governo federal. "Uma lei mais rígida mexe com o comportamento da população de todo o país", destaca a coordenadora.
De acordo com o estudo, houve uma queda de 47% no consumo de bebidas alcoólicas entre os homens associado à direção. De 4,0% em 2007 para 2,1% em 2013. Já entre as mulheres, este percentual se manteve estável 0,3 no mesmo período.
A pesquisa identificou também queda de 62% no consumo de álcool relacionado ao volante na faixa etária de 35 a 44 anos, passando de 2,1% para 0,8%.
Houve ainda uma redução no consumo de álcool quando se trata do número de anos de escolaridade. Entre pessoas com mais de 12 de escolaridade, a redução passou de 2.8% para 1.7%.
Os dados apontam ainda diminuição no consumo de álcool associado à direção entre os homens nos estados: Salvador, Maceió, Macapá, Porto Velho, Palmas e Belo Horizonte. E um aumento significativo entre as mulheres, de 0,1 para 0,4%; entre 2007 e 2013; em São Paulo. Já entre os homens, o consumo em São Paulo registrou 2.9%.
Foram encontradas também diferenças entre as regiões entre homens e mulheres. Na região Norte, a redução foi de 54% - passando de 2,2% para 1,0% - e no Nordeste de 50% - de 2,4% para 1,2%.
Na região sul, a queda de consumo de álcool associado ao volante foi de 47% - de 2,1% para 1,1%; na região Centro-Oeste a diminuição foi de 40% - passando de 3,0% para 1,8% - e no Sudeste também foi 40%, de 1.5% para 0.9%.
Acidentes
Em 2012, 44.812 mil pessoas perderam a vida no trânsito. Essa violência reflete diretamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2013, foram registradas 169.869 mil internações no SUS relacionadas a acidentes de trânsito, o que representou um custo de mais de 229 milhões de reais.
Com o objetivo de reduzir as mortes e número de pessoas feridos em decorrência de acidentes no trânsito, em junho de 2010, o Ministério da Saúde implantou o Projeto Vida no Trânsito. Entre suas ações está a realização de campanhas educativas e a qualificação dos sistemas de informação sobre acidentes, feridos e vítimas fatais.
Com o banco de dados atualizado, os gestores de saúde podem identificar os fatores de risco e as vítimas mais vulneráveis nos respectivos municípios, assim como os locais onde o risco de acidente é maior. Desde a implantação do Vida no Trânsito, já foram liberados cerca de R$ 41,3 milhões para as atividades do projeto.
Lei Seca
Para inibir o consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir, em dezembro de 2012, o governo federal sancionou e tornou mais rígida a Lei 12.760, conhecida como Lei Seca.
A medida autoriza o uso de testemunhos, exame clínico, imagens e vídeos como meios de provas para confirmar a embriaguez de motoristas.
Quem for pego dirigindo sob influência de álcool ou outra substância psicoativa terá a carteira de habilitação recolhida e o veículo retido. O motorista está sujeito à multa, no valor de R$ 1.915,40, e à suspensão do direito de dirigir por 12 meses. O valor da multa dobrará em caso de reincidência.