O Caps (Centro de Atenção Psicossocial) para a Infância e Adolescência é referência municipal no atendimento especializado em saúde mental para crianças, adolescentes e seus familiares. Localizado na rua Joá, 46, na Vila Nova, o local atende pacientes de até 18 anos que apresentam diferentes queixas, que vão desde confusões mentais até crises de ansiedade.
A enfermeira Silvana Valentim, coordenadora do Caps Infantil, explica que a demanda e a gravidade dos problemas apresentados pelas crianças e pelos adolescentes crescem a cada dia. "Hoje, atendemos, em média, 500 pacientes na rotina. Nesse mês, já ultrapassamos a marca de 1.600 procedimentos que envolvem o atendimento aos pacientes e às suas famílias", aponta.
Além de atendimentos agendados, o Caps Infantil conta com plantões técnicos, que direcionam a atenção a crianças e adolescentes que apresentam problemas emergenciais, como tentativas de suicídio, crises de ansiedade graves e automutilação.
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Conforme aponta Valentim, o Centro oferece consultas médicas, terapias individuais e em grupo, visitas domiciliares e atividades externas, como aulas de desenho e música, que costumam acontecer no Sesc Cadeião. "Apesar de termos o plantão técnico, não temos plantão médico. Então, quando o paciente precisa desse atendimento, encaminhamos para um serviço de urgência", ressalta a coordenadora.
ATENDIMENTOS E PACIENTES
A dona de casa M. V. leva sua filha semanalmente aos Caps Infantil. Segundo a londrinense, a menina realiza acompanhamento psicológico e psiquiátrico. "Minha filha foi diagnosticada com ansiedade e faz terapia aqui. Os psicólogos atendem bem e eu percebo que ela está tendo uma evolução", conta.
S. M, auxiliar de serviços gerais, também acompanha o filho durante o tratamento para depressão oferecido pelos profissionais do Caps Infantil. "A gente sempre foi bem atendido aqui e a gente percebe que tem feito diferença na vida dele [do filho]", afirma.
De acordo com o pai, o atendimento oferecido às famílias impactou o tratamento de seu filho de forma positiva. "Quando ele [o filho] foi encaminhado para cá, a gente não sabia muito sobre depressão, realmente não entendia. Então eles chamaram a gente, falaram o que era e como ia funcionar o atendimento. Explicaram certinho e agora a gente sabe que tem que trazer o menino", conta o auxiliar de serviços gerais.
PROBLEMAS E CAUSAS
As principais queixas apresentadas pelos pacientes do Caps Infantil estão relacionadas a transtornos de conduta, transtornos opositores e desafiantes, agitação psicomotora, hiperatividade, transtornos de ansiedade, depressão e agressividade. Para a coordenadora do Centro, a rotina das crianças e dos adolescentes, bem como o contexto em que estão inseridos, pode ser a causa de diversos problemas.
"Aqui atendemos muitas crianças com graves problemas devido ao uso do celular, crianças sem uma rotina de sono e de escola. A prevenção é fundamental para a saúde mental deles e, atualmente, as crianças adoecem pelo excesso do consumismo e de imediatismo, pela desestruturação familiar e pela falta de limites e de afeto assertivo", explica.
A família, portanto, tem grande influência sobre o bem-estar e a saúde mental das crianças e dos adolescentes. Conforme pontua Valentim, a mente de um indivíduo está em formação até, em média, os 25 anos de idade. Por isso, a coordenadora do Caps enfatiza a importância de não somente estimular o desenvolvimento mental e emocional, mas também de mudar hábitos e comportamentos que têm se tornado comuns.
"A família sempre foi a base de tudo. Quando a família adoece, os filhos adoecem. É urgente que existam mudanças no sentido do fortalecimento dos laços familiares, da afetividade, do respeito, dos limites e das rotinas em cumprimento."
REVITALIZAÇÃO
Com o objetivo de oferecer uma estrutura melhor para os serviços prestados às crianças e adolescentes e suas famílias, o Caps Infantil passou por uma revitalização, que foi entregue pela Prefeitura de Londrina no dia 30 de junho.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, a unidade voltada para crianças e adolescentes teve, além de reformas em sua infraestrutura, uma recomposição voltada aos recursos humanos.
"Aqui no Caps a gente fez a pintura interna e externa, a substituição da parte elétrica para podermos instalar ar condicionados em todas as salas, substituímos os equipamentos por novos computadores e investimentos em novos móveis, todos planejados e pensados para a ergonomia dos nossos servidores. Além disso, fizemos uma nova comunicação visual para chamar atenção das crianças e investimos na aquisição de tablets para que as equipes multiprofissionais possam usar a ferramenta dentro do plano terapêutico dos pacientes", explica.
RECURSOS HUMANOS
Quanto ao quadro de servidores, Machado ressalta que a unidade conta com seis psicólogos, duas terapeutas ocupacionais, três auxiliares administrativos, três profissionais dos serviços de copa/apoio, duas enfermeiras e, na próxima semana, terá três psiquiatras.
No total, a revitalização do Caps Infantil custou R$ 226 mil, que foram pagos pela Prefeitura com recursos próprios. Desse total, R$ 150 mil foram investidos nas intervenções e R$ 76 mil nos móveis e equipamentos. Conduzidas pela empresa Tekenge Engenharia, as obras foram executadas durante cerca de quatro meses.
PARCERIA COM AS ESCOLAS
O Caps Infantil atende, também, crianças triadas e encaminhadas pelas escolas municipais. Nas instituições, uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, psicopedagogos e pedagogos conduz os atendimentos.
"Temos uma parceria com as escolas municipais de Londrina e isso funciona muito bem. Quando a escola identifica e encaminha para o Caps, inserimos o aluno nos atendimentos e passamos um feedback para a instituição. Há trocas de informação o todo tempo", aponta Machado.
REFORMAS DE ÓRGÃOS DE SAÚDE MENTAL
Felippe Machado aponta, ainda, que outros órgãos municipais voltados à saúde mental da população já passaram ou irão passar por revitalizações.
"O Caps Álcool e Drogas tinha uma estrutura na Zona Norte e era prejudicava, além de ser em uma localização que dificultava a adesão dos pacientes ao tratamento. Essa foi a primeira unidade de saúde mental que investimos em modernização. Agora o Caps funciona no antigo Hospital Ortopédico, no cruzamento entre a Duque de Caxias e a JK."
A próxima reforma de estrutura voltada à saúde mental será executada no Caps III, localizado no Alto da Boa Vista, que atende pacientes em idade adulta. Na unidade, além do atendimento agendado, há o pronto-atendimento psiquiátrico, que funciona 24 horas por dia.
"O Caps III é nossa maior estrutura e vamos reformar e ampliar o prédio. Mas, como a intervenção vai ser muito grande e o fluxo de pacientes é bem mais intenso, estamos fazendo um projeto completo. Com o projeto pronto vamos licitar a obra", finaliza Machado.
O prazo para entrega do projeto de reforma do Caps III se encerra em outubro deste ano e o secretário de Saúde calcula que a obra terá um custo entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. A projeção é que a entrega final seja realizada até julho de 2024.