Tamarana, a cerca de 60 quilômetros de Londrina, vem enfrentando um aumento no número de atendimentos de pessoas com sintomas da coqueluche. Só nos últimos sete dias, o número de casos confirmados subiu de 7 para 14, além de outras 158 notificações de pacientes sintomáticos aguardando pelo resultado do exame.
No Paraná, o último boletim epidemiológico, divulgado no dia 11 de dezembro, apontou 2.043 casos confirmados de coqueluche, sendo Curitiba e Londrina as cidades com o maior número de casos, com 403 e 259, respectivamente. A maior parte dos infectados tem entre 12 e 19 anos. Em todo o estado, foram confirmados sete óbitos: dois em Curitiba e um em Londrina, São José dos Pinhais, Quitandinha, Tamarana e Umuarama.
Secretária de Saúde de Tamarana, Viviane Granado explica que a maior parte dos casos confirmados são de pessoas que vivem na TI (Terra Indígena) do Apucaraninha, assim como a vítima fatal, uma criança que não teve a idade revelada. Desde quando os casos começaram a ser notificados, foi feito um trabalho diferenciado de abordagem e de coleta dos exames, assim como a orientação com o cacique, em parceria com a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e com a 17ª Regional de Saúde. Ali, vivem cerca de duas mil pessoas.
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Os critérios para a coleta do exame levam em conta a duração e a intensidade da tosse, sintoma mais característico da coqueluche. Na doença, a tosse é seca e incontrolável, sendo que o exame é feito a partir do 14° dia de sintoma. Na TI, Granado aponta que os sintomas mais amenos já são indicativos para a realização do teste. “Como os indígenas são uma população mais vulnerável e os casos estão concentrados mais lá, a gente tem uma notificação mais intensa”, aponta. A febre baixa, o mal-estar e alterações no hemograma também são sinais da doença.
Granado ressalta que as causas para o aumento do número de casos e notificações de coqueluche ainda estão sendo levantadas pela Sesai, levando em conta principalmente os dados vacinais da população. Além disso, a secretária garante que a resposta imunológica de cada pessoa também interfere na eficácia da vacina. No caso da população indígena, o fato de eles transitarem muito entre as aldeias e viverem mais aglomerados também pode contribuir para a transmissão da doença, que é por via respiratória. Entre os dias 12 e 15 de dezembro, a Prefeitura de Tamarana promoveu uma série de shows gratuitos em comemoração aos 29 anos de emancipação da cidade.
O esquema vacinal envolve três doses nos primeiros meses de vida e reforços até os 6 anos de idade. Granado garante que a resistência de parte da população em relação às vacinas vem contribuindo para que doenças voltem.
Chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 17ª Regional de Saúde, Felipe Remondi aponta que a situação na TI do Apucaraninha é considerada como surto e que, por isso, o número de casos suspeitos é mais elevado, já que pessoas com sintomas mais brandos já são acompanhadas mais de perto e recebem o tratamento para a doença. Uma ação articulada entre os governos municipal, estadual e federal permitiu uma busca ativa no local, assim como orientações de redução no contato social, principalmente entre os sintomáticos, e a importância da vacinação. "Mesmo que não tenha sintomas, a gente já faz o tratamento preventivo das pessoas que são contatos próximos", explica, complementando que as medidas buscam reduzir a propagação da doença.
Por conta da transmissão comunitária da doença, o chefe garante que vão continuar aparecendo casos de coqueluche na região, sendo que o foco é evitar os mais graves, principalmente entre as crianças menores de 1 ano e das grávidas, através do tratamento. Para pessoas com os sintomas, a orientação é semelhante a da Covid-19, como a utilização de máscara.
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