A atividade física, pilar importante para a promoção da saúde e do bem-estar, está presente na rotina de cerca da metade dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha.
A prática faz parte do dia a dia de 53% da população com 16 anos ou mais e é mais frequente entre pessoas mais ricas e mais instruídas, mostra o levantamento realizado do dia 9 ao 11 de dezembro.
Foram feitas 2.006 entrevistas presenciais em 113 municípios, com pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
O índice foi de 66% entre os que têm renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos, ante 47% dos que possuem renda de até dois salários mínimos.
A taxa é mais alta entre as classes A/B (66%, ante 44% das classes D/E) e também entre os mais instruídos (66%, ante 41% entre os menos instruídos).
A taxa daqueles que praticam atividades físicas é um pouco mais alta entre homens (56%) do que mulheres (50%) -o índice está no limite da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais nesses segmentos.
Na divisão por faixa etária, pessoas de 16 a 24 anos têm o índice mais alto (61%), enquanto o mais baixo está entre aqueles que têm de 45 a 59 anos (47%).
Praticam atividade física (por idade)
Em %
16 a 24 anos - 61
25 a 34 anos - 54
35 a 44 anos - 52
45 a 59 anos - 47
60 anos ou mais - 55
*Margem de erro de 5 p.p., para mais ou para menos. A pesquisa Datafolha foi realizada do dia 9 ao 11 de dezembro. Foram feitas 2.006 entrevistas presenciais em 113 municípios, com pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país.
A caminhada é a atividade mais comum entre os brasileiros, com 25% das menções espontâneas. Ela ganha ainda mais destaque entre idosos: 37% dos entrevistados que têm 60 anos ou mais citaram a prática.
Na sequência, aparecem musculação (13%), futebol (7%), bicicleta (6%) e corrida (6%), entre outras opções menos citadas.
Da parcela que afirma fazer atividade física, a frequência média ficou em quatro vezes por semana. Um quarto (25%) declarou praticar todos os dias da semana; 20%, de cinco a seis vezes na semana; 35%, de três a quatro vezes; 15%, duas vezes; 4%, uma vez; e 1%, menos de uma vez
Para aqueles que não praticam (47%), o Datafolha questionou qual é o principal motivo e a falta de tempo foi a resposta mais citada, com 49% das menções espontâneas -o índice sobe para 61% entre os que têm de 25 a 44 anos.
Outros motivos citados foram preguiça (13%), não gosta (9%), problema de saúde (5%), não se sentir bem (4%), falta de dinheiro (3%) e falta de interesse (2%), entre outras razões menos lembradas.
Com que frequência você pratica atividades físicas durante a semana?
Em %
Menos de uma vez por semana - 1
Uma vez por semana - 4
Duas vezes por semana - 15
De três a quatro vezes por semana - 35
De cinco a seis vezes por semana - 20
Todos os dias da semana - 25
*Margem de erro de 2 p.p., para mais ou para menos. Foram feitas 2.006 entrevistas presenciais em 113 municípios, com pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país
Por qual motivo você não pratica atividades físicas?
Em %
Falta de tempo - 49
Preguiça/falta de vontade - 13
Não gosta - 9
Problema de saúde/deficiência - 5
Não se sente bem fisicamente - 4
Falta de dinheiro/recursos - 3
Falta de interesse - 2
Não precisa - 1
Outros - 10
Não sabe - 3
*Margem de erro de 2 p.p., para mais ou para menos. Foram feitas 2.006 entrevistas presenciais em 113 municípios, com pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país
Os dados estão de acordo com o que mostra a literatura científica, explica o epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. "Não é a primeira vez que vejo esse resultado: a classe menos ativa no tempo de lazer é a classe mais produtiva economicamente", diz.
Hallal destaca que a pesquisa é um retrato da atividade física realizada no tempo livre, que é feita por escolha da pessoa e, por isso, acaba sendo mais frequente nos grupos que têm mais acesso ao lazer.
Pesquisadores e estudiosos da área dividem a atividade física em quatro categorias: no tempo de lazer, no deslocamento, em casa (doméstica) ou no trabalho (ocupacional).
É nessa diferenciação que está o que a ciência chama de "paradoxo da atividade física", explica Hallal, já que alguns estudos mostram que a atividade física ocupacional pode, na verdade, trazer resultados negativos para a saúde.
Uma pessoa que trabalha com reciclagem e caminha pela cidade com uma carroça, por exemplo, está se movimentando e carregando peso, mas também é exposto ao sol, a uma carga de trabalho excessiva e exaustiva, a doenças infecciosas e à poluição. "Não é saudável e não é uma escolha", diz.
Ao defender a diferenciação entre o exercício por escolha e por obrigação, o epidemiologista questiona o slogan "todo movimento conta", da OMS (Organização Mundial da Saúde). "A atividade física no deslocamento, em muitos países na Europa, é uma escolha [...], mas a grande massa da população brasileira que faz atividade no deslocamento o faz por não ter outra opção", relata.
Pesquisadores estudam como dar condições para que as pessoas possam escolher se exercitar, afirma Alex Florindo, professor de epidemiologia da atividade física na EACH-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo).
Ele explica que o espaço urbano pode ser um facilitador. "Pessoas que têm melhores ambientes no entorno de suas casas são mais ativas fisicamente. Por exemplo, se você tem uma praça ou uma ciclovia por perto, isso aumenta sua chance de fazer atividade física, em comparação com aquela pessoa que não tem", relata.
Os especialistas defendem ampliar o acesso à atividade física no lazer. "A promoção do acesso deve olhar para a pessoa que precisa que a [avenida] Paulista esteja aberta no fim de semana, que precisa de uma academia no bairro, de mais espaço para ciclofaixa, de equipamento de exercício a próximo a sua unidade básica de saúde. Esse é o grande desafio que a gente enfrenta", diz Hallal.
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