Família de agricultores viajou por nove horas para realizar procedimento que dará qualidade de vida ao menino que nasceu com cranioestenose, uma malformação
Ícaro Ezequiel Wolfart, de 5 meses, viajou por nove horas com a família para realizar uma cirurgia de cranioestenose, saindo de Naranjito, em Itapuá, no Paraguai, até Londrina, no norte do Paraná, estado brasileiro. A existência de um centro de referência que atrai cada vez mais pessoas de fora é um dos motivos que trouxe essa e outras famílias paraguaias até o Brasil.
A mãe, Bianca Webber, de 25 anos, percebeu uma elevação na testa do bebê quando foi amamentar pela primeira vez. Ícaro passou por vários pediatras por conta da icterícia, que é a presença da cor amarelada na pele, porém no terceiro profissional consultado, o médico identificou o caroço em sua cabeça e sugeriu que a família o levasse em um neurocirurgião pediátrico, caso a protuberância não desaparecesse em dois meses. “Eu estava em um estado de negação, não queria aceitar e preferia acreditar que era por conta do parto normal”, revela a comerciante.
Leia mais:
Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros têm algum medo com relação às vacinas
Uma a cada dez mortes no Brasil pode ser atribuída ao consumo de ultraprocessados, diz Fiocruz
Estados brasileiros registram falta ou abastecimento irregular de, ao menos, 12 tipos de vacinas
Saúde do homem é tema de live com médicos londrinenses em novembro
Após uma propaganda de capacetes de correção de malformações na cabeça de bebês aparecer em suas redes sociais, Bianca pesquisou sobre a cranioestenose, até que leu a respeito de trigonocefalia - “Pensei, é a mesma coisa, é isso que ele tem”. O despertar para a possibilidade de um diagnóstico mais preciso levou a família, que trabalha com agricultura e vive em uma colônia de 5 mil habitantes, a procurar a medicina brasileira.
O bebê recebeu o diagnóstico quando tinha três meses de vida, já em um consultório no Brasil. Mesmo com a certeza da cranioestenose, a mãe enfrentou muitas dúvidas sobre a condição, até que encontrou pela internet por meio de indicação de uma amiga, o neurocirurgião pediátrico, Dr. Alexandre Canheu, de Londrina, e passou com o filho inicialmente por consultas online, o que facilitou a questão da distância.
“O doutor me passou muita calma, me explicou sobre o procedimento e sugeriu uma cirurgia”, explica. De acordo com o especialista, o menino sofreu com pressão intracraniana causada pela cranioestenose. “Essa malformação provoca o fechamento das suturas na cabeça do bebê de forma precoce, fazendo com que o cérebro não tenha espaço para se desenvolver”. No caso de Ícaro, a trigonocefalia causa o fechamento da sutura metópica, localizada na testa do bebê, que deveria se fechar completamente perto dos 6 meses.
Já com 4 meses, Ícaro ainda não conseguia se sentar, e vomitava muito, sintoma que a mãe só notou como parte da condição após a realização da cirurgia no dia 12 de março, quando o filho parou de vomitar. Mais de uma semana após a operação no Hospital Evangélico de Londrina, que foi um sucesso, o menino recupera-se bem. A família ainda está na cidade paranaense, aguardando autorização médica para que possam voltar ao Paraguai.
Com a realização do procedimento, o cérebro da criança terá espaço para se desenvolver, evitando prejuízos neurológicos e garantindo qualidade de vida.